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Última Paragem

O blog do bicho do mato

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Última Paragem

04
Jul24

Apologia da elegância

Maria J. Lourinho

Quando utilizamos a adjectivo elegante, na maioria das vezes, referimo-nos a alguém ou alguma coisa muito concreta – uma mulher, um homem, um candeeiro, uma jarra, uma escrita, um filme, uma escultura etc. 

Cada um de nós pode ser dono de muitas coisas elegantes, desde que tenha dinheiro e bom gosto. 

Muito mais raro é usarmos o mesmo adjectivo para qualificar um substantivo abstracto, e há muitas outras coisas que não se compram - ou estão em nós, ou não estão.  

Falo de atitude, por exemplo. 

Uma atitude elegante, revela, antes de mais, respeito por nós próprios, pela vida em geral e pelas suas inexoráveis leis. 

Ninguém é insubstituível, ninguém é eterno, ninguém vive para sempre na plenitude das suas capacidades. 

Se fomos grandes, saber sair de cena no momento certo é a mais elegante atitude que podemos ter na vida. 

Não é fácil, mas é belo, grandioso e… elegante. 

A prova de que não é fácil tem-nos sido dada por estes dias, por duas figuras de projecção mundial: Joe Biden e Cristiano Ronaldo.

06
Mai23

Rei morto, rei posto

Maria J. Lourinho

Olhando o cortejo do novo rei, Carlos III, lembrei-me da rainha, que "conheci" toda a minha vida.

Então, tive o pensamento recorrente de que, um dia, também eu não estarei cá, e o mundo vai continuar a girar como se nada fosse.

Sei isto há muito tempo, sem incómodo.

Mas nem todos os dias somos  honestos no mais íntimo de nós mesmos.

02
Fev23

Nas curvas da vida

Maria J. Lourinho

Galopim de Carvalho recebeu hoje, de Marcelo Rebelo de Sousa, as insígnias de grande-oficial da Ordem da Instrução Pública.

É uma honra merecida e que ele deve ter apreciado bastante. Não sei porquê, ou melhor, sei, até me lembrei do Manuel Alegre que quando foi informado de que tinha ganho um prémio qualquer disse, e lamentavelmente não recordo os termos exactos, que já vinha tarde, porque esse prémio já lhe devia ter sido atribuído há muito tempo.

Do que conheço do António Marcos Galopim de Carvalho, ou Marcos, ou Marquitos, como era tratado pelos amigos, imagino que deve ter tido algum pensamento semelhante.

Conheci-o há muitos anos em casa de amigos que ambos frequentávamos muito – ele frequentava os mais velhos e eu os mais novos da casa. Nunca me ligou peva. Era, à época, um professor da faculdade de ciências como tantos outros, até que se lembrou dos dinossauros. Conheceu o estrelato, também merecido, mas eu já muito antes o tinha perdido nas curvas da vida.

Voltei a “encontrá-lo” no Facebook onde escrevia posts sobre o que sabia muito e o que sabia pouco.

Um dia, cometeu um erro (nada de grave) de português e o linguista Fernando Venâncio, corrigiu-o. Vou eu, toda lampeira, e dou razão ao F. Venâncio. Vem de lá o Marcos, perdão, o professor Galopim de Carvalho, e imediatamente nos bloqueia aos dois. O Prof Fernando Venâncio ficou um pouco espantado, se não mesmo melindrado, mas eu não.

Aos velhos dá-lhes muitas vezes para a (des)humildade.

E assim perdi outra vez o Marcos nas curvas da vida, desta vez creio que para sempre – é que ele é muito velho e eu também não vou pra nova.

Não verei as insígnias, de certeza, mas lá que elas são merecidas, são.

E se ele ficou contente como imagino, eu fico também.

 

18
Jun21

Sentidos

Maria J. Lourinho

Fui ao Corte Inglés. Habitualmente, ao passar na zona da perfumaria, sinto um certo enjoo com aquela mistura de aromas. Hoje, pelo contrário, percebi que tinha saudades, mais uma vez, da vida como ela é.

Subrepticiamente, baixei a cabeça, desviei a máscara, inspirei profundamente, e aconteceu: um esplendoroso e aromático fogo de artifício na minha pituitária.

O chamamento dos sentidos é muito maior que o medo.

20
Abr21

Vida

Maria J. Lourinho

Ontem, quando fiz o telefonema diário para a minha nonagenária mãe, ela tinha recebido a visita da sua amiga G. igualmente quase nonagenária e igualmente já com a vacina completa.

Juro que o que ouvi do outro lado se assemelhava bastante ao som de uma tardada de convívio de adolescentes.

Há um ano, nem ainda sonhávamos que isso fosse possível.

Temos de começar a pensar em levantar, pelo mundo fora, muitos monumentos ao cientista desconhecido.

Obrigada a tantos.

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