“Escola , escola, quem és tu”
Penso muitas vezes com os meus botões, ou mesmo sem eles: a geração de portugueses que se situa agora entre os 35 e os 50 anos, praticamente toda ela estudou na escola pública. Na província, raramente havia colégios, e quando os havia não eram lá muito bons. Findo o 12º anos, os jovens, mais ou menos abonados, rumavam a cidades maiores para fazer o curso superior. Mesmo nessas cidades maiores, ao tempo, a escola pública dominava.
São hoje os nossos médicos, engenheiros, arquitectos, informáticos, professores, cientistas, artistas plásticos, músicos, cineastas etc. Temos muitos e bons, todos formados na escola pública, que funcionou, então, como um verdadeiro elevador e nivelador social.
Conseguíamos, por esse tempo, uma sociedade mais equilibrada, em que cada um dos seus novos membros , ao longo da sua formação, contactava com colegas muito diferentes de si, em inteligência, capacidade, origem social, empenho, escolhas de vida, pré-qualificações etc.
Hoje, a estratificação social começa logo no infantário, segue para o colégio privado, para terminar, frequentemente, na U. Católica ou similar, e o jovem nunca chega a contactar com classes sociais diferentes da sua. Obviamente, a história termina com o casamento entre pessoas que fizeram o mesmo percurso, para tudo voltar ao princípio com o nascimento dos filhos.
Dissemos adeus ao elevador social e a uma sociedade mais igualitária.
Onde foi mesmo que nos perdemos?
Nota: “Escola , escola, quem és tu” é o título de um livro sobre educação, de Vitor da Fonseca e outros, publicado pela primeira vez em 1977.