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Última Paragem

O blog do bicho do mato

O blog do bicho do mato

Última Paragem

08
Dez24

Fim

Maria J. Lourinho

fim.jpgFinalmente, um dia de frio e sol como eu gosto. Junta-se-lhe o vento, e as últimas folhas de outono aproveitam para desistir da sua luta contra a gravidade; as ruas da cidade estão pejadas delas.

Assim está, também, este blog, isto é, a aproveitar este tempo de hibernar para se despedir.

Porquê? Ora, porque sim. Nasceu porque sim, e acaba porque sim, que os tempos não vão para elaboradas justificações.

Aos que por aqui vão passando, um bom Natal e um esperançoso ano novo.

Dizer "a gente vê-se por aí" como é bonito de dizer nas despedidas? Não creio que valha a pena; creio mesmo que não nos veremos por aí.

Mas, no final, vale a pena dizer, porque é verdade,  que foi bom enquanto durou.

Bom 2025

06
Dez24

Disse

Maria J. Lourinho

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"Não se pode esperar que os bombeiros respeitem polícias quando os polícias cercaram, sem punição, um debate eleitoral. Não se pode exigir compostura dos funcionários públicos quando deputados instalam a baderna na AR perante a tibieza medrosa de quem a preside. E não se pode queixar de movimentos “inorgânicos” quem se pendurou neles."

Daniel Oliveira, 6/12/2024, Expresso

Aí valente!

08
Nov24

No metro

Maria J. Lourinho

pessoas-a-espera-numa-esoacao-de-metro-em-lisboa-@Espero, olho e penso.

Nunca sabemos se temos transporte, seja comboio, autocarro ou metro.

Nunca sabemos se as nossas crianças têm aulas ou, sequer, se a escola abre (a cada ano ficam por dar dois milhões de aulas).

Nunca sabemos se a maternidade está aberta para termos um filho.

Nunca sabemos se o 112 vai atender a tempo de nos acudir.

Nunca sabemos se, no fim do contrato, o senhorio nos vai despejar.

Nunca sabemos se no fim do contrato o patrão nos vai despedir.

Finalmente, o metro veio. A custo, entro. Um monte de corpos que procuram não se tocar, rostos fechados que só olham para dentro, ar rarefeito de cansaço e dúvida.

Felicidade e incerteza nunca viveram juntas.

Isto tudo não vai dar bom resultado.

01
Nov24

O que falhou?

Maria J. Lourinho

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Desde há dois dias, de cada vez que ligo a televisão, só oiço jovens pivôs a perguntar aos seus entevistados: o que falhou? pode acontecer aqui? quem tem culpa? avisaram tarde? etc.

A ânsia de encontrar culpados junto do poder é enorme.

Estes jovens jornalistas, nem lhes passa pela cabeça dizer que a culpa é nossa, que continuamos a viver contra a natureza, apesar de ela nos estar sempre a lembar quem manda aqui - ela e só ela.

 

17
Out24

À atenção do Banco Alimentar

Maria J. Lourinho

Quando oTatado de Maastricht foi assinado pelos países membros da União Europeia, correu em Portugal uma piada que brincava com a pronúncia aportuguesada do nome, e que rezava assim:

Triste é um pai bater no filho; mástriste é o filho bater no pai.

Membrei-me da piada, e de como ela é adaptável, quando ouvi notícias sobre as DIFICULDADES que o Ricardo Salgado passa por ter os bens penhorados, e pensei:

Triste é um vigarista roubar o próximo; mástriste é a filha do vigarista ter de dar uma mesada de 40000 (quarenta mil) euros ao vigarista para ele sobreviver.

Nem sei se o vigarista não estará a passar necessidades, a viver assim das esmolas da filha; daí este meu alerta ao Banco Alimentar contra a Fome.

Cuidai dos pobres, caramba! Até me enervo.

08
Out24

O amor

Maria J. Lourinho

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Fábio Loureiro fugiu da cadeia, gozou um mês de ar livre e voltou à choça.

E o que desgraçou este homem que mete medo à sociedade? O Amor.

Podia ter continuado em Tânger, gozando a temperança mediterrânica, com todas as suas necessidades satisfeitas, mas o Amor tramou-o.

Podia ter dança do ventre todos os dias (ou noites), podia ter insinuantes bailarinas dos sete véus, podia comer tâmaras e beber chá de menta à beira da piscina enquanto planeava o próximo golpe mas...em vez disso, o que fez? Sentia um vazio no peito, desatou a emagrecer, quiçá a ter insónias. E foi então que percebeu que não podia viver nem mais um dia sem ver a sua namorada.

Ela foi. E a polícia também.

Moral da história, e plagiando sem piedade a maravilhosa letra de João Gilberto, podemos concluir que no peito de um bandido... também bate um coração.

Ou ainda, talvez melhor, plagiando Miguel Esteves Cardodo, O Amor é F*****.

06
Set24

Fisicalidade

Maria J. Lourinho

original.webpHá meia dúzia de anos, deixei de comprar o Expresso e passei a lê-lo online através de uma assinatura.

Ontem, li que o jornal tem um novo formato, ligeiramente diferente, e trazia um novo caderno - Ideias.

De repente, bateu-me uma enorme vontade de voltar a ver o jornal em papel, e comprei-o.

Foi como aqueles jantares de comemoração de 5 anos do fim do curso - ai que saudades tinha de te ver, o que fazes?, estás na mesma!!!

Estava eu a interrogar-me de onde viria toda esta parvoíce, quando no tal novo caderno - Ideias - a  escritora Isabela Figueiredo escreve a propósito dos supostos encontros tipo Tinder nos supermercados Mercadona:

"A fisicalidade, o medo e o risco fazem parte do jogo de sedução e das emoções que lhe dão sentido. O que subjaz a tudo isto é uma enorme vontade de regressar ao lado menos domesticado das relações, quase desaparecido na contemporaneidade politicamente correta. Onde há muita civilização há muita frustração. Queremos o velho romance cara a cara que entrou em desuso com a internet. Sonhamos com a presença do outro. Estamos fartos de nudes por WhatsApp."

A minha relação com o Expresso é meramente pragmática, mas isso não quer dizer que, de quando em vez, não ganhe com um pouco de fisicalidade também.

Foi bom, mas agora...adeus.

Nota: vou guardar este jornal como um bem valioso. Já muitas vezes tinha pensado que nesta casa não havia uma única folha de jornal, e todos sabemos como elas às vezes dão jeito...!

29
Ago24

Olha eu

Maria J. Lourinho

"Nas mais variadas ocasiões (algumas divertidas), as pessoas esquecem-se de mim, não estão bem a ver quem sou, têm uma ideia vaga, não gostam nem desgostam, conhecemo-nos mas é como se nunca nos tivéssemos conhecido, evoco episódios que não recordam, converso sobre casos que vivemos juntos sem despertar qualquer reacção, amigos esclarecem que somos apenas conhecidos, namoradas lembram-se de mim como um vizinho que encontram no elevador ao fim-de-semana, primos em primeiro grau tratam-me como primo em oitavo, vizinhos não respondem ao cumprimento, lojistas não me atendem porque não deram por mim, e uma vez num café, é certo que em Paris, levantei umas vinte vezes o braço e saí sem ser atendido."

Pedro Mexia

Expresso, Agosto 2024

Tal e qual 

21
Ago24

De pasmar!

Maria J. Lourinho

lusaagenciadenoticias_1724260956145.jpg"Os talibãs destruíram mais de 21 mil instrumentos musicais e dezenas de milhares de CD com “filmes imorais” durante o último ano, vangloriou-se esta terça-feira o Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício do Afeganistão. A revelação foi feita por um porta-voz daquele gabinete, que disse, à margem de um evento, que foram destruídos 21.328 instrumentos musicais como parte de uma campanha contra a música, que os talibãs consideram ser contra a lei islâmica. A campanha inclui também visitas a restaurantes, salões de casamentos e hotéis para assegurar que não são reproduzidas músicas nas suas salas."

 
Notícia da agência Lusa

 

25
Jul24

Amor

Maria J. Lourinho

A menina de 6 anos, que tem um único irmão de 7, perdeu-se na praia.

O sistema de comunicação entre banheiros funcionou na perfeição e a menina, rapidamente, foi encontrada.

Sobrou o susto e a humilhação que a faziam soluçar.

Toda a família ofereceu generosos abraços que foram aceite com relutância, e sem conseguirem parar os soluços.

Até que a menina, vendo o seu irmão esticado ao sol, de barriga para baixo na sua toalha, depois de também muito se ter assustado, deitou-se sobre ele, pousou-lhe a cabeça no tronco, relaxou os braços e, ali, pele com pele, os soluços foram parando, até cessarem. 

Tudo foi silencioso e durou poucos minutos.

O verdadeiro consolo tinha sido encontrado.

Depois, ora, depois, as brincadeiras continuaram.

06
Jun24

Sentido de oportunidade

Maria J. Lourinho

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Desde Novembro que o "caso das gémeas" brasileiras anda nas bocas do país. Envolve muitas pessoas, entre elas algumas pessoas do Ministério da Saúde, ao tempo dirigido por Marte Temido. Mas é a dois dias das eleições europeias, em que ela é cabeça de lista pelo PS, que a judiciária resolve fazer buscas no referido ministério.

Ele há coincidências...do diabo.

O processo de Manuel Pinho, ex-ministro socialista de José Sócrate, ocupou 11 anos da vida de dois procuradores. Mas é a dois dias das eleições europeias que ele é condenado a 10 anos de cadeia.

Ele há coincidências...do diabo.

Pode-se acusar a Justiça em Portugal de muitas coisas, mas nunca de falta de sentido de oportunidade. Isso, não!

 

13
Mai24

O cão que passeia o homem

Maria J. Lourinho

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No meu bairro, há um homem muito velho que, duas vezes por dia, passeia o seu cão pug, que não é velho, é muito, muito velho, e como todos os animais na sua situação, cansa-se.

Ambos se apresentam sempre muito limpos e dignos

Quando está cansado, o pug pára, senta-se ou deita-se e, como quem está na praia ou na esplanada e tem todo o tempo deste mundo, fica a ver quem passa,  o tempo que lhe apetece.

O homem velho, de paciência e amor infinitos, segura a trela e fica ali de pé, à espera, olhando também quem passa mas, mais frequentemente, para o próprio cão. Se este lhe apetecer ficar no meio do passeio, o homem velho fica também, e nem a uma parede se encosta.

Sempre me parece que quem manda ali  é o cão, e que é o cão que passeia o homem, e não o homem que passeia o cão.

No fundo, é a velha história - em todos os casais, há um que ama (neste caso, o homem) e outro que se deixa amar (neste caso, o cão)

Seja como for, a cumplicidade na quarta idade é coisa sempre linda de se ver.

Boa semana.

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