Velha (Alte Frau)
No seu livro de crónicas e ensaios Sinta-se Livre, Zadie Smith escreve sobre a representação da mulher na pintura e escolhe este trabalho de Balthasar Denner (Alemanha, 1685 – 1749), intitulado Alte Frau (Velha), e cito:
...”Não é como outros retratos no seu género. Não é o retrato reconfortante de uma avozinha. E também não é a imagem simbólica e animadora da sabedoria ou, pelo menos, se ela é, de facto, uma das menos enganadas, não parece que a forma de conhecimento que adquiriu lhe tenha trazido muita paz ou satisfação, como esperamos que a sabedoria traga.
Ela não tem um ar pacífico ou satisfeito. Aquela boquinha cerrada! Ela não olha com um optimismo paciente...e também não é grotesca ou cómica. Não. Ela, simplesmente, é.”
Assim deveríamos envelhecer todas, penso com os meus botões, simplesmente SENDO.
Mas, também, cada uma de nós devia ter direito ao seu Denner para registo de cada ruga numa obra-prima imortal. Porquê?
Ora, ora, porque, depois do tanto que são as nossas vidas, nós merecemos.
Imagem - Alte Drau, Balthasar Denner, Kunsthistorisches Museum, Viena