Na retina
A OMS decretou o fim da pandemia de covid-19 como emergência sanitária global.
A declaração merece, talvez, um longo suspiro.
Foram três anos difíceis para todo o planeta e, embora a dificuldade tenha variado muito entre países ricos e países pobres, algumas das marcas deixadas pelo vírus talvez sejam mais ou menos planetárias.
O isolamento e o afastamento social, sem beijos, sem abraços, sem o calor da proximidade, quantas vezes nos momentos em que essa necessidade nos era mais premente, deixaram uma marca negativa numa sociedade já de si cada vez mais individualista.
Os efeitos perversos do afastamento a que fomos obrigados ainda um dia hão-de ser contabilizados, não já.
Na minha retina, até ao fim, ficarão três imagens pungentes: a rainha Isabel na solidão do funeral do seu marido, o Papa na solidão dum tempo de festa e comunhão religiosa, e um homem, anónimo, na solidão da festa do 25 de Abril na Avenida. Nunca os esquecerei.