As leituras são como as cerejas
“O mensageiro de Os Persas relata com dolorosa emoção a Batalha de Salamina, que chegou a ser um símbolo contemporâneo. Os Soldados de Salamina aos quais Javier Cercas se refere no seu romance são aqueles gregos que detiveram a invasão do Império Persa, e também os soldados da resistência contra o nazismo. Cercas sabe que pode haver soldados de Salamina em todas as épocas: os que encaram uma batalha decisiva — e aparentemente perdida — para defenderem o seu país, a democracia e as suas aspirações. Salamina deixou de ser só uma pequena ilha do mar Egeu, a dois quilómetros do porto do Pireu e, para além dos mapas, existe em qualquer lugar onde alguém, em inferioridade numérica, se rebela contra uma agressão avassaladora.”
In O Infinito num Junco, Irene Vallejo
O livro de Javier Cercas a que Irene Vallejo se refere ‒ Soldados de Salamina, foi um dos melhores que li nos últimos anos.
Sobre ele anotei apenas:
Magnífico. Escrita depurada mas forte, podendo ser crua ou quase poética. Uma história de homens, ou da guerra, ou dos homens na guerra, ou da guerra nos homens.
E é ainda de Cercas, em Soldados de Salamina, a frase que agora recordei na entrevista que dá à revista Ler:
"A literatura é a arte de combinar recordações".
As leituras são como as cerejas, sim.