Maria J. Lourinho
Ontem, um familiar próximo, bem cedinho, dirigiu-se ao Hospital de Santa Maria, carregando a urina de todo o dia anterior, para fazer umas análises previamente marcadas.
Bateu com o nariz na porta, e não havia nenhuma explicação à vista; apenas um segurança imprestável, como de costume.
Era mais uma greve dos enfermeiros.
Outro cidadão próximo tinha comprado bilhete de comboio para o Porto mas teve de ir de autocarro.
Era mais uma greve da CP.
Para fazer o passaporte, eu, depois de muitas voltas, consegui um agendamento para daqui a dois meses, numa loja do cidadão lá bem despontada.
No telejornal vejo mais não sei quantas greves, protestos e trabalhadores na rua. Nada contra, só que os ministros dizem-nos que reduzimos a dívida, o défice, e crescemos mais do que o esperado.
Foi então que me lembrei duma frase, que ficou célebre, dita por Luís Montenegro em 2014, quando ele era líder parlamentar da troika (agora voltou com mais responsabilidades).
Disse o homem: “A vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor".
Parece que Costa nos poderia dizer as mesmíssimas absurdas palavras. Só precisava de ter ainda um bocadinho mais lata do que a que lhe conhecemos.