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Nov20
Short story (A menina Alice)
Maria J. Lourinho
Quando a menina Alice passava, os homens olhavam. E depois viravam-se para ver do outro lado.
Encorpada, peituda, pernas grossas mas torneadas, lábios invariavelmente pintados de vermelho vivo. No sorriso, a abertura entre os incisivos superiores dava-lhe o toque indesmentível de pertença ao povo - urbano, embora - que não nega à carne o que lhe é devido.
Dizia-se que dormia com o filho do patrão, belo homem que veio a casar com a beata mais feia da terra e a morrer novo.
Ela também casou, mas tarde, com um viúvo, baixinho e simples, de quem não tardou a ficar viúva também.
Saudades da menina Alice.