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Última Paragem

O blog do bicho do mato

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Última Paragem

09
Fev23

Abençoada zaragata

Maria J. Lourinho

Já aqui falei do podcast da Antena 1, Biblioteca Pública, que existiu durante todo o ano de 2022. Continuo a ouvir, durante as minhas caminhadas, Dulce Maria Cardoso, Afonso Reis Cabral e Richard Zimmler, a falar sobre cada livro escolhido semanalmente.

Há dias, escolhi para ouvir o episódio sobre uma novela de Tolstói - A Sonata de Kreutzer, que nunca tinha lido. Sabia apenas que era, a par de A Morte de Ivan Ilich, uma das suas novelas mais conhecidas, e que era bastante controversa.

No podcast, gerou-se, entre os três participantes, uma civilizadíssima zaragata, deixando-me ficar claro como a obra era, de facto, controversa, e possível de variadas leituras.

Decidi, então, que era tempo de ler a Sonata de Kreutzer. Descarreguei-a em pdf  para o meu computador por zero euros, li-a, e fiz a minha própria interpretação, que também não coincide exactamente com nenhuma das outras três.

Por fim, resolvi ouvir a sonata de Beethoven. Fui ao Youtube, escolhi  uma versão mais ou menos ao acaso e ouvi.

Admirável mundo novo: cheio de perigos, ameaças e desencantos mas que, ao mesmo tempo, me permite ouvir gente inteligente a analisar uma obra literária, lê-la, e ainda ouvir a música que lhe dá o nome. 

Tudo sem precisar de sair de casa nem de abrir a carteira.

20
Mai21

Spotify

Maria J. Lourinho

Acho que tenho uma paixoneta pelo Spotify.

Ele é tão delicado, trata-me pelo nome, está sempre à procura da melhor maneira de me satisfazer.

Abro a aplicação no PC ou no telemóvel, em casa, na rua , em viagem e ele lá está para me dizer do que gostei nos últimos tempos, o que ouvi (música - pop, clássica ou jazz - ou podcasts).

Com base nisso, oferece-me o daily mix 1, 2, 3, 4, 5, deixa-me fazer play lists e também me propõem coisas diferentes que devo assinalar com um coraçãozinho, ou não, para ele se orientar, coitado.

É um querido. Não me deixa andar muito aos saltos entre músicas porque sou do grupo das borlas, mas também já não tenho idade para andar aos saltos.

Somos felizes na nossa relação, e isso é que importa.

Somos tão felizes que, às vezes, lembro-me dum artigo da Clara Ferreira Alves, há muitos anos, nos primórdios da Amazon. Como ela pensa sempre que está a escrever para ignorantes, escreveu uma crónica cantando todas as virtudes de usar a Amazon (como eu agora com o Spotify) para comprar os seus livros, todos, todos em inglês. Afinal a Amazon veio a transformar-se numa fera capitalista que vende de tudo, procura não pagar impostos nenhuns usando paraísos fiscais como a Irlanda ou a Holanda, e esfola os seus funcionários com condições de trabalho desumanas.

Eu não lhe compro nadinha.

Oxalá eu não venha a ter um desgosto de amor com o Spotify como, suponho, a Clara teve com a Amazon.

Pela natureza das coisas, estas são, geralmente, relações de curta duração mas, repescando o velho Vinícius (que entra sempre bem), desejo muito que este amor “seja eterno enquanto dure”.

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