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Última Paragem

O blog do bicho do mato

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Última Paragem

13
Fev24

Medicina moderna

Maria J. Lourinho

Longe vão os tempos em que o médico subia a pé um segundo andar, quantas vezes fosse necessário, para ir ver o meu avô.

Esse tempos acabaram. Isso não é bom nem mau, é apenas outra coisa.

A vida evoluiu, e passámos a ser nós, em estado de doença (mesmo aguda) ou ainda saudáveis, a ir ao consultório do médico.

Se necessário, depois da consulta, podíamos telefonar-lhe.

Agora, o médico já nem tem consultório. Trabalha num centro de saúde, num hospital ao numa clínica e, qual deus no seu pedaço, não fala directamente com o paciente. Na melhor das hipóteses, manda recado.

Digo na melhor das hipóteses porque, resumindo, a "coisa" é assim:

O médico tem lá a sua vida muito arrumada como gosta e quer; trabalha aqui, ali, acolá para compôr o fim do mês.

Quanto à nossa doença, ela que se encaixe nessa sua vidinha como puder, e que nem pense em desarrumá-la, que ele não deixa. 

Na medicina, como no resto, a ordem mais vezes ouvida pelos portugueses é -  ESPERE!

Inveja do meu avô, caramba.

Nota: não estou a dizer que antigamente é que era bom, longe disso. Mas hoje, ser médico, é ter um emprego como qualquer outro. Tem-se um horário, e cumpre-se, se possível.

04
Dez23

Ainda que mal pergunte

Maria J. Lourinho

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Vi, num telejornal, que, lá não sei onde, uma mãe meteu-se no carro com o seu filho de dois anos, que estava com febre e convulsões, e dirigiu-se à urgência pediátrica mais próxima. Estava fechada. Que é o novo normal em Portugal (rima e tudo).

Vai daí, a criança, de dois anos, acabou por ser socorrida pelos técnicos duma ambulância do INEM que estava perto.

Ainda que mal pergunte: quando foi que a urgência geral dos hospitais deixou de atender crianças?

Os médicos são médicos generalistas ante de fazerem especialidade. Será que a urgência geral, nesta situação de penúria, não podia atender a maior parte dos casos banais de saúde nas crianças, enviando para mais longe só os casos mais complicados?

Se, estando a urgência pediátrica de Santa Maria da Feira encerrada, uma criança precisar de levar três pontos na cabeça (coisa mais banal não há) tem de ir para Vila Nova de Gaia.

Não haverá por ali quem possa resolver o assunto? Ou há mas, senhores do seu nariz e da sua alta "patente" médica, acham que o João Semana era um labrego que nunca, nunca, deve ser lembrado?

Ainda que mal pergunte, claro.

 

30
Nov23

Negociar é...

Maria J. Lourinho

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Quando uma classe laboral enceta uma luta, é porque precisa mesmo de a fazer. Para a sua própria sobrevivência, ou para um bem maior e colectivo.

Não tenho dúvidas de que os nossos médicos chegaram ao seu limite e sentem que o SNS também está nos seus limites.

Por isso lutam, como lutam todos os outro trabalhadores – fazendo greve.

Estas, nos serviços públicos, agridem sempre, e só, os utentes desses serviços. Dá-se o caso de, sendo os utentes também doentes, e geralmente sem outros recursos, a greve poder ter consequências muito graves e ser grande o sofrimento provocado.

A dura luta dos médicos atingiu alguns objectivos, que, ao que os próprios dizem, não são suficientes. Quatrocentos euros de aumento não são suficientes. E talvez não sejam mesmo; que sei eu disso?!

Há, porém, uma coisa que eu sei, e sei por experiência própria: negociar não é impor ou exigir. Negociar é uma troca, um toma lá dá cá, que satisfaz minimamente, e por etapas, ambas as partes. Só assim o “negócio” é bom.

A líder da FNAM parece que não concorda com isso.

Gosto de mulheres determinadas e assertivas, não gosto de mulheres (nem de homens) autoritárias e donas da verdade.

Felizmente, estas características são mais evidentes na juventude, e esta, como se sabe, é uma doença que passa com a idade.

A culpa é do senhor ministro? O senhor ministro não quer negociar?

Não creio. A culpa é sempre repartida.

Além disso, o senhor ministro conhece os seus limites. Já a Joana...

 

14
Nov23

Médico?

Maria J. Lourinho

Li no Expresso de ontem esta conversa de um médico:

Já foi feito lá fora e podemos tentar: greve aos certificados de óbito. São da nossa responsabilidade, só os médicos os podem passar”, lê-se na rede do movimento na Internet. O autor da proposta explica ainda que “não prejudica ninguém porque, enfim, as pessoas já faleceram, não atrasa consultas, não desmarca cirurgias... mas tem potencial para instalar o caos numa semana”. Outra ideia é reforçar a greve de zelo. Exemplos: “Levar imenso tempo a ver os doentes na Urgência. Pedir uma bateria de análises que sature o laboratório e entupa tudo. Pedir ECO, TAC, RM, tudo o que tiver alguma pertinência para o doente e para encravar o processo”.

Penso:

Um médico tem direito à sua luta por melhores condições de vida e trabalho.

A medicina não é um sacerdócio ou uma missão, é uma profissão.

As greves sempre incomodam alguém.

Mas o médico tem que ter uma formação humanista, tem de perceber que o seu trabalho é especial, diferente de todos os outros, tem de ter empatia para com o seu semelhante, sobretudo se ele estiverer fragilizado.

O médico que preconiza “levar imenso tempo a ver os doentes na Urgência” (quando as pessoas já lá passam longas horas), a quem ocorra, sequer, “pedir uma bateria de análises que sature o laboratório e entupa tudo”, lamento dizê-lo, mas é alguém sem escrúpulos que instrumentaliza os seus concidadãos doentes.

Não merece ter carteira profissional. Até porque, realmente, não é médico, é um mero mercenário da medicina.

 

09
Dez20

Medicina

Maria J. Lourinho

Uma vez li uma entrevista a um médico, cujo nome não recordo, que dizia esta extraordinária frase:

" A medicina é uma ciência social com um braço técnico".

Talvez seja por a maioria dos seus colegas não entenderem isto que, cada vez mais, oiço as pessoas dizerem: "eu não vou ao médico".

E o cortejo de males, pessoais e sociais, que esta opção pode trazer!

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