Feira do Livro
Quando eu era muito jovem, não falhava. E lá comprei muitos clássicos ao preço da chuva, geralmente naquelas abas laterais das "barraquinhas". Ainda os tenho.
Nos anos todos em que vivi noutra cidade, sempre lamentava não poder ir à Feira do Livro de Lisboa.
Agora posso mas, chegado o momento, a cabeça diz: ladeira acima, ladeira abaixo, e troca, dê-me só uma licencinha, por favor, para eu ver aquele ali, ai, desculpe, pisei-a, ao sol?, ao vento?, ao calor?, e depois carregar com os livros comprados?, ladeira acima, ladeira abaixo.
Então as pernas, sensatas mas também a acusar algum desgaste, dizem: não será melhor dares antes um passeio até ali à Almedina, ou à Bertrand ou à Buchholz?
Nesta conversa da treta, para justificar a ausência, inventei um argumento novo e muito snob. Assim:
- Ora, eu gosto é do cheiro dos livros, não do cheiro das farturas.
E pronto, não fui, não vou e não irei.
Nota: adoro farturas.