Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Última Paragem

O blog do bicho do mato

O blog do bicho do mato

Última Paragem

30
Mai23

Anedotas do quotidiano

Maria J. Lourinho

Fui à Worten. Era cedinho e não havia fregueses no balcão da recepção. Dirigi-me ao único funcionário que ali estava e disse:

- Bom dia, queria ver secadores de roupa.

- Secadores de roupa? Isso não temos.

- Não têm? (muito espanto aqui da minha parte)

- Não, temos outros secadores, mas de roupa não.

Lembrei-me então de perguntar:

- E máquinas de lavar roupa, também não têm?

- Isso temos. E também temos Máquinas de Secar Roupa.

- Pronto, isso também me serve. Podemos ir vê-las?

No fim, correu tudo bem. 

22
Mai23

O mesmo mas diferente

Maria J. Lourinho

Dantes, dizia-se: teve um filho.

Agora, diz-se: foi mãe.

É o mesmo? Na prática, é!

Mas substituir "filho" por "mãe", no meu entendimento, também torna as afirmações radicalmente diferentes.

Sinto-o, mais do que o posso explicar. Onde se coloca a tónica da afirmação? Qual o elemento mais importante para o falante? O filho ou a mãe?

A mim, soa-me como se,  em vez de dizermos que comermos bife com batatas fritas, passássemos a dizer que comemos batatas fritas com bife.

Exagero? Talvez!

 

23
Dez20

Leituras II

Maria J. Lourinho

“O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o pós-guerra até o final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos ...

É a inversão do efeito Flynn.

Parece que o nível de inteligência medido pelos testes diminui nos países mais desenvolvidos.

Pode haver muitas causas para esse fenómeno.

Um deles pode ser o empobrecimento da linguagem.

Na verdade, vários estudos mostram a diminuição do conhecimento lexical e o empobrecimento da linguagem: não é apenas a redução do vocabulário utilizado, mas também as subtilezas linguísticas que permitem elaborar e formular pensamentos complexos.

O desaparecimento gradual dos tempos (conjuntico, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado) dá origem a um pensamento quase sempre no presente, limitado ao momento: incapaz de projecções no tempo.

A simplificação dos tutoriais, o desaparecimento das letras maiúsculas e da pontuação são exemplos de "golpes mortais" na precisão e variedade de expressão.

Apenas um exemplo: eliminar a palavra "signorina" (agora obsoleta) não significa apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também promover involuntariamente a ideia de que entre uma menina e uma mulher não existem fases intermédias.

Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos capacidade de processar um pensamento.

Estudos têm mostrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre directamente da incapacidade de descrever as emoções em palavras.

Sem palavras para construir um argumento, o pensamento complexo torna-se impossível.

Quanto mais pobre a linguagem, mais o pensamento desaparece.

A história está cheia de exemplos e muitos livros (Georges Orwell - "1984"; Ray Bradbury - "Fahrenheit 451") contam como todos os regimes totalitários sempre atrapalharam o pensamento, reduzindo o número e o significado das palavras.

Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há pensamento sem palavras.

Como construir um pensamento hipotético-dedutivo sem o condicional?

Como pensar o futuro sem uma conjugação com o futuro?

Como é possível captar uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, passado ou futuro, e sua duração relativa, sem uma linguagem que distinga entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que poderia ser, e o que será depois do que pode ter acontecido, o que realmente aconteceu?

Caros pais e professores: Façamos com que nossos filhos, nossos alunos falem, leiam e escrevam. Ensinar e praticar o idioma nas suas mais diversas formas. Mesmo que pareça complicado. Principalmente se for complicado.

Porque nesse esforço existe liberdade.

Aqueles que afirmam a necessidade de simplificar a grafia, descartar a linguagem de seus "defeitos", abolir géneros, tempos, nuances, tudo que cria complexidade, são os verdadeiros arquitetos do empobrecimento da mente humana.

Não há liberdade sem necessidade.

Não há beleza sem o pensamento da beleza. "

- Christophe Clavé

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub