Amar
Amei! Amei! Amei!
Gostaste do livro? Amei!
Estava bom o peixe? Amei!
Que tal a viagem? Amei!
Já não se gosta de nada. Ama-se!
O verbo AMAR, tão vibrante, poderoso e tranformador, não merecia isto.
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Amei! Amei! Amei!
Gostaste do livro? Amei!
Estava bom o peixe? Amei!
Que tal a viagem? Amei!
Já não se gosta de nada. Ama-se!
O verbo AMAR, tão vibrante, poderoso e tranformador, não merecia isto.
Fui à Worten. Era cedinho e não havia fregueses no balcão da recepção. Dirigi-me ao único funcionário que ali estava e disse:
- Bom dia, queria ver secadores de roupa.
- Secadores de roupa? Isso não temos.
- Não têm? (muito espanto aqui da minha parte)
- Não, temos outros secadores, mas de roupa não.
Lembrei-me então de perguntar:
- E máquinas de lavar roupa, também não têm?
- Isso temos. E também temos Máquinas de Secar Roupa.
- Pronto, isso também me serve. Podemos ir vê-las?
No fim, correu tudo bem.
Dantes, dizia-se: teve um filho.
Agora, diz-se: foi mãe.
É o mesmo? Na prática, é!
Mas substituir "filho" por "mãe", no meu entendimento, também torna as afirmações radicalmente diferentes.
Sinto-o, mais do que o posso explicar. Onde se coloca a tónica da afirmação? Qual o elemento mais importante para o falante? O filho ou a mãe?
A mim, soa-me como se, em vez de dizermos que comermos bife com batatas fritas, passássemos a dizer que comemos batatas fritas com bife.
Exagero? Talvez!
“O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o pós-guerra até o final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos ...
É a inversão do efeito Flynn.
Parece que o nível de inteligência medido pelos testes diminui nos países mais desenvolvidos.
Pode haver muitas causas para esse fenómeno.
Um deles pode ser o empobrecimento da linguagem.
Na verdade, vários estudos mostram a diminuição do conhecimento lexical e o empobrecimento da linguagem: não é apenas a redução do vocabulário utilizado, mas também as subtilezas linguísticas que permitem elaborar e formular pensamentos complexos.
O desaparecimento gradual dos tempos (conjuntico, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado) dá origem a um pensamento quase sempre no presente, limitado ao momento: incapaz de projecções no tempo.
A simplificação dos tutoriais, o desaparecimento das letras maiúsculas e da pontuação são exemplos de "golpes mortais" na precisão e variedade de expressão.
Apenas um exemplo: eliminar a palavra "signorina" (agora obsoleta) não significa apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também promover involuntariamente a ideia de que entre uma menina e uma mulher não existem fases intermédias.
Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos capacidade de processar um pensamento.
Estudos têm mostrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre directamente da incapacidade de descrever as emoções em palavras.
Sem palavras para construir um argumento, o pensamento complexo torna-se impossível.
Quanto mais pobre a linguagem, mais o pensamento desaparece.
A história está cheia de exemplos e muitos livros (Georges Orwell - "1984"; Ray Bradbury - "Fahrenheit 451") contam como todos os regimes totalitários sempre atrapalharam o pensamento, reduzindo o número e o significado das palavras.
Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há pensamento sem palavras.
Como construir um pensamento hipotético-dedutivo sem o condicional?
Como pensar o futuro sem uma conjugação com o futuro?
Como é possível captar uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, passado ou futuro, e sua duração relativa, sem uma linguagem que distinga entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que poderia ser, e o que será depois do que pode ter acontecido, o que realmente aconteceu?
Caros pais e professores: Façamos com que nossos filhos, nossos alunos falem, leiam e escrevam. Ensinar e praticar o idioma nas suas mais diversas formas. Mesmo que pareça complicado. Principalmente se for complicado.
Porque nesse esforço existe liberdade.
Aqueles que afirmam a necessidade de simplificar a grafia, descartar a linguagem de seus "defeitos", abolir géneros, tempos, nuances, tudo que cria complexidade, são os verdadeiros arquitetos do empobrecimento da mente humana.
Não há liberdade sem necessidade.
Não há beleza sem o pensamento da beleza. "
- Christophe Clavé