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Última Paragem

O blog do bicho do mato

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Última Paragem

17
Fev23

Mais fácil que tirar o passaporte

Maria J. Lourinho

Adam Graham violou duas mulheres. Mudou de nome e de roupa, passou a usar uma peruca e apresentou-se no tribunal como Isla Bryson, mulher trans. O juiz dirigiu-se ao violador como “Sra. Bryson”, enviando-o para uma prisão feminina.”

Este pequeno excerto foi retirado do longo texto de Daniel Oliveira, ontem, no Expresso online.

A história de Adam Graham passou-se na Escócia e, em boa medida, levou à queda recente da primeira-ministra socialista.

As políticas de identidade levadas ao limite, estão a deixar as nossas sociedades ocidentais também nos limites da própria sanidade.

Na Escócia, segundo a lei da autodeterminação da identidade e expressão de género,basta uma pessoa declarar-se, a qualquer momento e sem qualquer condição, de outro género para isso ter efeito legal.” Ou seja, eu sou mulher, mas se amanhã me sentir homem, mudo de nome e aspecto, passo a ser homem e todos me devem tratar como tal. Pronto! Mais simples é impossível (em Portugal é mais complicado tirar o passaporte).

Voltando ao pensamento do cronista, que faço meu, dá vontade de perguntar:

E se a esquerda política, sem deixar de apoiar as reais dificuldades de todas as minorias, voltasse à luta pelos mais fracos, por quem trabalha e é pobre, nunca tirando os olhos das graves questões sociais que perpassam toda a Europa e se deixasse de me****?

Nota: este artigo do Expresso é exclusivo para assinantes, daí não haver link

24
Jan23

Denzel Washington e Madame Bovary

Maria J. Lourinho

Nomes e mais nomes: cisgénero, transgénero, não-binário, género neutro. E depois poliamoroso, demissexual, arromântico, flúido, e ainda uma infinidade de outras categorias, quer de género quer sexuais, são hoje termos que nos entram pelos sentidos como uma emergência, quando não como a temática mais importante da humanidade.

Foi no início dos anos 1980 do século passado que Margaret Thatcher começou a destruir a sociedade tal como ela se tinha construído no pós-guerra, com a afirmação de um pensamento diverso e mais egoísta, perfeitamente ilustrado por esta sua bem conhecida frase:

 Who is society? There is no such thing! There are individual men and women and there are families

Hoje podemos dizer que o seu pensamento vingou nas sociedades liberais, mas nem ela conseguiu acertar em cheio, pois só previu homens e mulheres. E nem lhe passava pela cabeça o lugar central que a identidade viria a assumir e como seria grave não a ter em atenção.

Se lhe falassem em questões de género, teria, certamente, respondido de novo:

There is no such thing!

Mas há, sem dúvida. O drama é que estas questões estão a ser levadas a extremos que as pessoas comuns não entendem e, por isso mesmo, acabarão por rejeitar com veemência.

Abordar estes temas, explicar, e deixar que, aos poucos, as pessoas os entendam e assimilem, é uma coisa, (e todos temos a ganhar com o reconhecimento duma sociedade mais diversa), impor e cancelar é outra bem diferente, própria de sociedades totalitárias de má memória.

E quando uma companhia de teatro, como o Teatro do Vão, aceita que andou mal, e se penaliza e concede que um papel de transsexual só pode ser representado por alguém transsexual devia ser proibida de fazer teatro, por não ter percebido o elementar - teatro é representação, a arte, de uma maneira geral, é representação. E se não percebeu isso, não percebeu nada. Se, em 2023, ainda não percebeu (passe o exagero) que Denzel Washington podia fazer o papel de Madame Bovary desde que o fizesse bem, insisto, ainda não percebeu nada - nem de representação,  nem de arte, nem do mundo em que vive. 

Só se agarra ao ar do tempo. E mal.

 

13
Set21

A Outra Metade, Brit Bennett

Maria J. Lourinho

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Badaladíssimo, este livro. A Alfaguara gastou, com certeza, uma boa quantia em publicidade nos jornais, sob a forma de artigos e entrevistas.

Não vou dizer que o livro é mau, nem por sombras , mas que não vale o arraial feito à sua volta, aqui e lá fora, não vale.

A história, que, diz-se,  não é novinha em folha, serve para nos lembrar, ou ensinar, que a raça não existe, mas o racismo, sim.

Serve também para falar de identidade, tema indispensável no século XXI, das nossas escolhas, da verdade e da mentira, de como tudo isso influencia a nossa vida, e também da busca da felicidade possível.

Então, o conteúdo é bom, mas a forma é só assim-assim, para meu gosto, é claro.

Fácil de ler, escrita fluida entre personagens, tempos e lugares.

Faz boa companhia durante umas horas, mas talvez não venha a ser um marco na nova literatura americana, como nos querem fazer crer.

PS: esta é só a minha opinião de leitora; não sou crítica de nada nem encartada em literatura.

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