Maria J. Lourinho
A directora de um museu alemão cancelou, em Novembro, uma exposição programada da fotógrafa Candice Breizt.
Esta nasceu na África do Sul e é judia.
Sendo judia, ousou, como tantos outros artistas e meros cidadão de Israel, criticar a actuação do seu governo em Gaza. Por isso, escreveu numa rede social:
“a punição colectiva de um povo já profundamente oprimido não resgatará as vidas tragicamente perdidas durante o ataque do Hamas, nem contribuirá para a segurança dos judeus no longo prazo”; ou ainda que “é possível defender a luta dos palestinianos por direitos básicos e dignidade humana – incluindo a sua libertação de décadas de opressão –, e condenar inequivocamente a horrenda carnificina executada a 7 de Outubro e o cruel estrangulamento a que o Hamas submete a população civil de Gaza”.
Pode haver pensamento mais sensato e equilibrado? Pois! Hoje em dia, equilíbrio e sensatez não são bem vindos, e a exposição foi cancelada.
Resta saber se tanto brio e rigor censório veio da directora do museu, que também foi agora despedida, ou da própria Ministra da Cultura.
Uma coisa é certa: neste nosso belo mundo das democracias liberais, Israel é inatacável, mesmo que seja um judeu a fazê-lo e com muita ponderação.
Como devemos chamar a isto? Estão-me a faltar os termos...
O excerto do texto usado é do Público
A foto é um trabalho da artista Candice Breizt