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Última Paragem

O blog do bicho do mato

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Última Paragem

24
Ago24

Ainda que mal pergunte

Maria J. Lourinho

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Num dia desta semana, o telejornal da noite da RTP3 ofereceu um belo tempo de propaganda a uma criatura com uma alta patente israelita. Vinha fardado e tudo, falava português do Brasil, e gastou todo tempo a divulgar mais uma vez a cartilha de Netanyahu, do tipo - temos que bombardear escolas porque os terroristas escondem-se lá - e eu tive muita pena que a jornalista não lhe tivesse perguntado: ó seu grande animal, então se um terrorista entrar na escola do seu filho, quando ele está na aula, a solução para o problema é bombardear a escola?

Mas não, a Maria continuou sereníssima.

14
Mar24

O fim da moderação e sensatez

Maria J. Lourinho

 

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A directora de um museu alemão cancelou, em Novembro, uma exposição programada da fotógrafa Candice Breizt.

Esta nasceu na África do Sul e é judia.

Sendo judia, ousou, como tantos outros artistas e meros cidadão de Israel, criticar a actuação do seu governo em Gaza. Por isso, escreveu numa rede social:

“a punição colectiva de um povo já profundamente oprimido não resgatará as vidas tragicamente perdidas durante o ataque do Hamas, nem contribuirá para a segurança dos judeus no longo prazo”; ou ainda que “é possível defender a luta dos palestinianos por direitos básicos e dignidade humana – incluindo a sua libertação de décadas de opressão –, e condenar inequivocamente a horrenda carnificina executada a 7 de Outubro e o cruel estrangulamento a que o Hamas submete a população civil de Gaza”.

Pode haver pensamento mais sensato e equilibrado? Pois! Hoje em dia, equilíbrio e sensatez não são bem vindos, e a exposição foi cancelada.

Resta saber se tanto brio e rigor censório veio da directora do museu, que também foi agora despedida, ou da própria Ministra da Cultura.

Uma coisa é certa: neste nosso belo mundo das democracias liberais, Israel é inatacável, mesmo que seja um judeu a fazê-lo e com muita ponderação.

Como devemos chamar a isto? Estão-me a faltar os termos...

 

O excerto do texto usado é do Público

A foto é um trabalho da artista  Candice Breizt

21
Fev24

Um avôzinho que não queria ter

Maria J. Lourinho

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Gaza e Afeganistãoafeganistão.jpg2.jpg

Com o seu arzinho frágil, mas simultaneamente ridículo quando ensaia uma corridinha para mostrar que é novo, o presidente Biden não passa de um político belicoso e desumano.

Começa o mandato com uma saída vergonhosa do Afeganistão, quando deixa para trás, depois de o levar para uma guerra que não conseguiu ganhar, um país que quase o não é, com milhões sem condições de sobrevivência e uma sítuação inenarável para as mulheres.

Continua com a guerra na Ucrânia, onde nunca deu alento às iniciais conversações de paz. Ao contrário, prometeu tudo e mais um par de botas a Zelensky, inclusivé a glória eterna, como se tudo, sempre, dependesse da sua exclusiva vontade. Como já todos sabíamos, o próprio incluído, não depende.

Finalmente, é incapaz de subscrever, sequer, um cessar-fogo mínimo e temporário em Gaza que pare o massacre bestial do povo palestiniano.

Acredito que Trump ganhará as próximas eleições nos EUA e que o mundo ficará ainda mais perigoso, mas a alternativa Biden tem sido uma profunda decepção. É um falcão disfarçado, perdedor óbvio que, no seu mandato, não trouxe nem um minuto de esperança, futuro ou paz para a humanidade.

Pior é sempre possível? É, claro que sim, mas um futuro de furacões não alivia um presente de fogo posto que se deixa arder.

24
Nov23

Chicote hoje não

Maria J. Lourinho

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"Ahmed Ashour perdeu a mulher e dois filhos num bombardeamento israelita à Faixa de Gaza. Sobreviveu apenas uma filha bebé. A residir em Portugal há nove anos, diz que ministro dos Negócios Estrangeiros devia demitir-se"

Jornal de Notícia 16/11/2023

Lamento profundamente o drama vivido por Ahmed Ashour (bem como lamento o martírio de todos os Ahmeds deste mundo), mas não ando com vontade de usar o chicote. Não posso, pois, deixar de achar curioso que este homem nunca responsabilize pela sua perda, nem Israel, nem o Hamas nem o governo Egípicio com os seus imensos entraves na fronteira, nem a si próprio, que deixou a família em Gaza e voltou para acabar um doutoramento, ao que dizem as notícias.

Não, ele culpa, pela morte da sua família, e por não a ter tirado a tempo de um dos sítios mais perigosos do mundo, no meio da mais mortífera guerra dos últimos anos - por acaso o sítio para onde ele a levou -  o Ministro dos Negócios Estrangeiros português. Tanto que até pede a sua demissão.

Mesmo dando de barato que ele sofre desalmadamente, acho extraordinário.

Realmente extraordinário!

Aprende lá  Ahmed, que o nosso país (meu e teu), às vezes porta-se mal, mas nem sempre.

Talvez, por isso, não precisemos de estar sempre de chicote na mão para o flagelar, e possamos olhar um pouco a nossa volta.

 

 

 

 

16
Out23

Mistura de sentimentos

Maria J. Lourinho

Já por várias vezes vimos na televisão imagens dos hospitais de Gaza.

Ontem, foi transmitida uma pequena peça sobre os médicos que não vão retirar porque se recusam a abandonar os bebés internados. Se eu conseguisse abstrair dos imensos dramas por trás da reportagem, teria ficado apenas bastante agradada, e até orgulhosa, com as instalações que vi – camas novas e limpas, ambiente claro e arejado, equipamento moderno e em profusão.

E por que ficaria tal coisa, isto é, agradada e orgulhosa? Porque muito do que vejo também foi feito com dinheiro meu - a Europa tem sido quem mais tem ajudado os palestinianos em tantos anos de conflitos e sofrimento.

Na maior parte do tempo – mas nem sempre - continuo a ter orgulho de ser europeia, e agradada por podemos ajudar outros. Apenas lamento que um país dessa mesma Europa, Portugal, não seja capaz de cuidar de si mesmo.

Quando em 2017 estive internada no Hospital de Santa Maria, em Medicina II, gostava muito, mesmo muito, de ter tido as condições que tenho observado em Gaza. Fica-se até envergonhado quando comparamos.

E facilmente concluimos que ser pobre não é apenas uma questão de dinheiro. 

PS: O que eu vi pode ser visto aqui

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