Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Última Paragem

O blog do bicho do mato

O blog do bicho do mato

Última Paragem

08
Mai23

Na retina

Maria J. Lourinho

A OMS decretou o fim da pandemia de covid-19 como emergência sanitária global.

A declaração merece, talvez, um longo suspiro.

Foram três anos difíceis para todo o planeta e, embora a dificuldade tenha variado muito entre países ricos e países pobres, algumas das marcas deixadas pelo vírus talvez sejam mais ou menos planetárias.

O isolamento e o afastamento social, sem beijos, sem abraços, sem o calor da proximidade, quantas vezes nos momentos em que essa necessidade nos era mais premente, deixaram uma marca negativa numa sociedade já de si cada vez mais individualista.

Os efeitos perversos do afastamento a que fomos obrigados ainda um dia hão-de ser contabilizados, não já.

Na minha retina, até ao fim, ficarão três imagens pungentes: a rainha Isabel na solidão do funeral do seu marido, o Papa na solidão dum tempo de festa e comunhão religiosa, e um homem, anónimo, na solidão da festa do 25 de Abril na Avenida. Nunca os esquecerei.

rainha.jpg 2.jpg

Papa.jpg 2.jpg

Abril.jpg2

26
Abr23

Foi bonita a festa, pá!

Maria J. Lourinho

avenida.jpeg1.jpg2

Estes são os tempos em que todos vivemos imersos em notícias, 24 sobre 24 horas. Aos tradicionais meios de comunicação social, com os seus canais noticiosos, juntaram-se as redes sociais.

Mesmo querendo fugir à poluição informativa, passamos muito tempo a ouvir jornalistas e comentadores. Curiosamente, todos parecem querer passar-me a ideia de que Portugal, e o povo português, são o Chega e as suas ideias reaccionárias, quando não esdrúxulas, sobre o país, o regime e o governo.

Mesmo sem darmos por isso, não estando de acordo com o que ouvimos, quase nos convencemos que somos " a última coca-cola do deserto", ou melhor, a última crente na democracia, a última amante do 25 de Abril.

É por isso que ir à Avenida no dia da Liberdade é um antídoto para todo um ano de massacre comentadeiro/jornalistico/reaccionário.

O slogan que me enchia o coração era:

Somos muito, muitos mil, para continuar Abril.

E éramos. Tantos, tantos, tantos, um mar de gente, bem mais do que em anos anteriores.

Podemos fazer-lhes frente, podemos ganhar-lhes ou, como dizia o Rui Tavares - "Não Passarão"!

Pró ano, lá estaremos de novo.

PS: A foto é do Expresso online de ontem

09
Fev23

Abençoada zaragata

Maria J. Lourinho

Já aqui falei do podcast da Antena 1, Biblioteca Pública, que existiu durante todo o ano de 2022. Continuo a ouvir, durante as minhas caminhadas, Dulce Maria Cardoso, Afonso Reis Cabral e Richard Zimmler, a falar sobre cada livro escolhido semanalmente.

Há dias, escolhi para ouvir o episódio sobre uma novela de Tolstói - A Sonata de Kreutzer, que nunca tinha lido. Sabia apenas que era, a par de A Morte de Ivan Ilich, uma das suas novelas mais conhecidas, e que era bastante controversa.

No podcast, gerou-se, entre os três participantes, uma civilizadíssima zaragata, deixando-me ficar claro como a obra era, de facto, controversa, e possível de variadas leituras.

Decidi, então, que era tempo de ler a Sonata de Kreutzer. Descarreguei-a em pdf  para o meu computador por zero euros, li-a, e fiz a minha própria interpretação, que também não coincide exactamente com nenhuma das outras três.

Por fim, resolvi ouvir a sonata de Beethoven. Fui ao Youtube, escolhi  uma versão mais ou menos ao acaso e ouvi.

Admirável mundo novo: cheio de perigos, ameaças e desencantos mas que, ao mesmo tempo, me permite ouvir gente inteligente a analisar uma obra literária, lê-la, e ainda ouvir a música que lhe dá o nome. 

Tudo sem precisar de sair de casa nem de abrir a carteira.

02
Fev23

Nas curvas da vida

Maria J. Lourinho

Galopim de Carvalho recebeu hoje, de Marcelo Rebelo de Sousa, as insígnias de grande-oficial da Ordem da Instrução Pública.

É uma honra merecida e que ele deve ter apreciado bastante. Não sei porquê, ou melhor, sei, até me lembrei do Manuel Alegre que quando foi informado de que tinha ganho um prémio qualquer disse, e lamentavelmente não recordo os termos exactos, que já vinha tarde, porque esse prémio já lhe devia ter sido atribuído há muito tempo.

Do que conheço do António Marcos Galopim de Carvalho, ou Marcos, ou Marquitos, como era tratado pelos amigos, imagino que deve ter tido algum pensamento semelhante.

Conheci-o há muitos anos em casa de amigos que ambos frequentávamos muito – ele frequentava os mais velhos e eu os mais novos da casa. Nunca me ligou peva. Era, à época, um professor da faculdade de ciências como tantos outros, até que se lembrou dos dinossauros. Conheceu o estrelato, também merecido, mas eu já muito antes o tinha perdido nas curvas da vida.

Voltei a “encontrá-lo” no Facebook onde escrevia posts sobre o que sabia muito e o que sabia pouco.

Um dia, cometeu um erro (nada de grave) de português e o linguista Fernando Venâncio, corrigiu-o. Vou eu, toda lampeira, e dou razão ao F. Venâncio. Vem de lá o Marcos, perdão, o professor Galopim de Carvalho, e imediatamente nos bloqueia aos dois. O Prof Fernando Venâncio ficou um pouco espantado, se não mesmo melindrado, mas eu não.

Aos velhos dá-lhes muitas vezes para a (des)humildade.

E assim perdi outra vez o Marcos nas curvas da vida, desta vez creio que para sempre – é que ele é muito velho e eu também não vou pra nova.

Não verei as insígnias, de certeza, mas lá que elas são merecidas, são.

E se ele ficou contente como imagino, eu fico também.

 

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub