Sanna
O vídeo corre na internet à velocidade do TGV que não temos, e mostra a primeira-ministra da Finlândia numa festa com amigos.
Sanna Marin de seu nome, tem 36 anos e, no vídeo, está a fazer apenas o que qualquer mulher da sua idade faz: junta-se com amigos, dança, canta, abana o capacete, talvez beba uns copos, e deixa-se filmar.
Tudo normal, certo? Bom, para mim, não.
Quando penso num alto cargo de qualquer país, no meu espírito, associo-lhe sempre a virtude latina gravitas.
Gravitas é a virtude de quem reconhece o peso e responsabilidade da posição que ocupa, e isso, claramente a Sanna não sabe o que é, pois, se soubesse, mostraria apenas a sua vida pública e preservaria a vida privada; mas, provavelmente, ela não sabe nem precisa de saber. Dos romanos até aqui vai um tempo do caraças, quem é que quer saber dessas parvoíces do Marco Aurelio e companhia?
Na verdade, acredito que, como eu, muitos eleitores finlandeses ainda queiram saber, e ainda gostem de encontrar gravitas nos seus ministros. Eu gosto, eles gostam, mas somos minoritários, e não contamos para nada.
Ponderando bem o assunto do vídeo, quer-me parecer que das duas uma: ou a Sanna fez marketing político e estava tudo planeado, ou não é muito inteligente e deixou que os amigos usassem os telemóveis.
Vou na primeira hipótese, e por isso, cada vez mais, ao olhar o mundo, sinto “Uma Estranheza em Mim” .
PS:
No que se refere à gravitas, penso exactamente o mesmo das festas do Boris Johnson.
“Uma Estranheza em Mim” é título de um livro de Orhan Pamuk, escritor turco, prémio Nobel da Literatura em 2006.