A velha é maluca
No meu prédio há obras há um ano. Primeiro num andar, depois noutro, durante alguns meses os dois em simultâneo.
Portanto, há um ano que vivemos com martelo pneumático, rebarbadora, berbequim e seus parentes.
No passado sábado, pelas 10 da manhã, comecei a ouvir a broca. Com três saltos pus-me junto do operário (um jovem sul-americano) que, com os seus auscultadores, ouvia música e “brocava”.
Dada a irritação,não sei ao certo que disse, mas sei que disse; ou melhor, não disse, ordenei, que se fosse embora porque eu não queria ouvir nem mais um pio.
Tentou argumentar, coitado, mas lembro-me de ter terminado dizendo-lhe que ligasse ao patrão a dizer que eu não autorizava o trabalho.
Estou farta de imaginar a conversa com o patrão e de com isso me rir:
- Patrão, não posso trabalhar, a dona lá de cima não quer.
- E argumenta o patrão – não ligues e acaba o que tens a fazer.
- E diz o operário – não patrão, vou mas é já embora que a velha é maluca.
Claro que eu sabia que a lei estava do meu lado.