Eu acreditei no Pai Natal
No jornal Público de 9/02/2023, li um artigo sobre as condições de trabalho dos trabalhadores do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia da Fundação EDP.
Leio:
Jornadas de trabalho de nove horas em pé, 15 minutos de pausa para almoço, "assédio laboral", cortes nos horários e nos rendimentos, uma equipa de 24 pessoas "a falsos recibos verdes".
Muitos destes trabalhadores são estudantes, que trabalham para pagar os estudos.
Quando internamente fizeram algumas reivindicações, ouviram:
‘Vejam lá, porque se continuarem a fazer isto cortamos os vossos horários para metade, e assim já não têm razões para pedir cadeiras e pausas de almoço'”, aponta Marta Antunes.
Pedir uma cadeira, como acontece em qualquer museu do mundo, e uma pausa para almoço, é ser dum perigoso extremismo, é um pedido estapafúrdio para estes (ir)responsáveis - a responsabilidade social das empresas é "cena que não lhes assiste".
Passa-se isto numa empresa que só nos primeiros nove meses de 2022 teve 518 milhões de lucro, que criou uma fundação que tem muito dinheiro e construiu aquele espaventoso e caríssimo edifício à beira-rio.
Nada contra o lucro e o edifício (que é belo), tudo contra os comportamentos de quem exerce o seu pequeno poder de modo vil e mesquinho.
Eu ainda sou do tempo em que acreditámos que o país havia de ser justo e com tendência igualitária.
Um bocado antes, também acreditei no Pai Natal.
Artigo do jornal aqui