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Última Paragem

O blog do bicho do mato

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Última Paragem

17
Nov23

Como estragar um negócio

Maria J. Lourinho

Pastelaria-Versailles.webp

Há mais de dez anos que tomo o café matinal sempre na mesma pastelaria.

Eram dois sócios, um risonho e falador, o outro sério e silencioso. Eram também três empregadas, todas redondas de carnes e todas bem dispostas.

Há uns anos o sócio risonho foi "cantar para outra freguesia" e deixou chafarica entregue ao sisudo.

Este, paulatinamente, foi despedindo as três empregadas, uma delas sua irmã, e por fim meteu lá a sua mulher.

Ficaram dois sisudos, sendo que a mulher é pior ainda que o marido.

Não preciso de pedir o café. Ela sabe o que eu gosto e serve-me um café do tamanho normal, sem açúcar, sem esquisitices modernas, de verão em chávena fria, de inverno em chávena quente.

É diligente, a senhora, mas então o par de trombas com que me recebe logo pela manhã?!

Muitas vezes tenho pensado: ora bolas, eu não mereço isto, isto não é uma maneira boa de começar o dia. Então porque continuas a vir? Ah!, é que os modos são maus mas o café é bom.

E isso chega? Não, não chega.

Breve chegará o dia em que me despeço desta rotina, tenho a certeza. Todos os dias penso nisso...!

E a vida continuará, mesmo que o café não seja assim tão bom.

 

Nota: na foto, a Pastelaria Versailles; nada a ver, claro, é só por contraste -  é bonita e atende bem.

19
Set23

Eu e a Delta

Maria J. Lourinho

Era uma vez uma cliente de café Delta (eu) que resolveu substituir a sua máquina doméstica, que andava a encravar as cápsulas.

Comprei online no site da Delta. A máquina chegou, foi recebida por outra pessoa, e verifiquei depois que a factura vinha em nome de um senhor que nada tinha a ver comigo ou alguém da minha família.

Levei um mês exacto a tentar corrigir a situação.

Passados 4 meses de uso, a nova máquina começa a ter o mesmo problema que a antiga, mas agora agravado porque encrava sempre.

Começa a peregrinação atrás da Delta. Dois emails sem resposta. Vários telefonemas para o apoio ao cliente sem nunca conseguir ser atendida.

Por portas travessas de outros números Delta, ontem consegui chegar ao apoio técnico. Atendida por uma prestimosa senhora, acedi a tentar resolver o problema remotamente, o que não passou de algumas manobras de deita a água fora, abre a alavanca, carrega em 2 botões etc. No fim, a cápsula não encravou mas, depois do jantar, para tirar cafezinho, voltou tudo à mesma.

Hoje voltei a ligar. Primeiro levei uma reprimenda porque não era aquele o número que devia ligar. Depois fui informada que amanhã vêm buscar a máquina para arranjar e que entregam uma semana depois.

Perguntados se traziam máquina de substituição, responderam que isso era dantes, agora é só uma semana para arranjar (depreendo eu...”o cliente que se amanhe”)

Perguntei se no dia da entrega me podiam avisar da hora provável de entrega. Que sim, mas se calhar já não seria só uma semana.

Por fim pedem-me que entregue a máquina sem acessórios dentro de um saco de plástico e depois dentro de uma caixa de cartão.

Respondi que saco de plástico, tudo bem, caixa de cartão não tinha nem ia pedir.

Resposta: mas pode comprar.

Resposta: mas não vou comprar.

Resposta: então o transportador levará uma caixa branca.

A Delta era exemplar.

Era! Agora, parece um serviço do Estado. E até há alguns que são melhores que isto.

 

31
Jul22

Quotidiano

Maria J. Lourinho

O meu café do costume fecha ao domingo. Assim, arranjei um outro, do costume do domingo, recentemente remodelado, limpo, apetitoso e em que só encontro brasileiro(as) a trabalhar, o que não é novidade nenhuma; são, regra geral, simpáticas e bem humoradas.

Quando hoje saí de casa, aí pelas 9 da manhã, o telemóvel marcava 26º. A porta do café estava apenas meio aberta, o que achei normal, dado o calor e o sol a bater nela, mas quando entrei, o ar estava ainda mais quente do que na rua.

Estranhei, olhei à volta, e vi um ar condicionado no tecto.

Perguntei: não ligam o ar condicionado?

Uma funcionária respondeu, mais para dentro que para fora, que hoje ainda não tinham ligado.

Porém, dirigiu-se para o comando de parede do aparelho, olhou e dialogou com a colega: 30º!!- liga-o e tira uma fotografia – não, isso não tiro - devias tirar.

E assim ficaram, mas o aparelho foi ligado.

Logo de seguida, diria eu que como complemento, a segunda empregada dirigiu-se à porta meio aberta e abriu-a de par em par com o ar satisfeito de quem pensa: assim, sim, isto agora vai refrescar.

O sol entrou pela casa em poderosos jorros, eu bebi o café tão rápido quanto pude e fui-me embora.

Confesso que ainda tive a tentação da pedagogia, mas logo me lembrei que para emigrante brasileiro, frequentemente, ensinamento é sentido como desrespeito para com ele, e desisti.

Assim vai o nosso quotidiano: uns não sabem, outros desistiram de ensinar.

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