Não telefone, vá!
As Unidades de Saúde Familiar, que começaram a funcionar há cerca de década e meia, substituindo muitos dos antigos centros de saúde, têm sido, duma maneira geral, um ganho para o utente. Com mais valências e a sua consulta aberta, as pessoas encontram nelas, em geral, a resposta às suas necessidades de cuidados de saúde primários com prontidão e profissionalismo.
Porém, e em Portugal há sempre um porém, é preciso que o utente não seja velho nem tenha mobilidade reduzida.
“Não telefone, vá”, parece ser o lema em vigor.
A minha mãe, de 94 anos, em Évora, tem a sua médica de família há mais de 20 anos numa destas USF, e tudo corre bem desde que seja rotina.
Acontece que a idosa senhora minha mãe, caiu em casa. Dada a idade, teme-se sempre o pior com uma queda mas, qual quê? Apenas muitas nódoas negras e dores num músculo da perna. Não achando necessário ir ao médico (nunca acha) tentou-se telefonar para falar com a médica.
Para abreviar a conversa: há três dias consecutivos que tentamos telefonar para a USF e nunca ninguém atende o telefone.
Quem for novo e desenvolto, está servido.
Se for velho e coxo, está lixado.
PS: há em Évora dois hospitais privados, mas nenhum tem consultas ao domicílio. Percebe-se – neste país quase não há velhos que de tal coisa precisem, e ainda bem porque, definitivamente, o país também não é para velhos.