Domingo
A manhã está morna. O sol é tímido. A vida começa a anunciar-se nas hastes dos arbustos.
Com a chuva que caiu no inverno, em breve teremos uma explosão verde.
Ainda não a sinto. O mundo está demasiado confuso e perigoso para que nos alegremos descuidadamente com o renascer da vida - uma marioneta presa por cordéis gastos. Que se partem aqui e ali.
Remendá-los parece ser cada vez mais difícil.
As nossas pequenas dores são ridículas. Mas para cada um de nós podem ser equivalentes a guerras, interiores e silenciosas, também elas o resultado de fios puídos e nunca substituídos.
Avisado será dar atenção à ode de Horácio:
"Sê sensata, decanta o vinho, e faz de uma longa esperança um breve momento. Enquanto falamos, já invejoso terá fugido o tempo: colhe cada dia, confiando o menos possível no amanhã."