Fisicalidade
Há meia dúzia de anos, deixei de comprar o Expresso e passei a lê-lo online através de uma assinatura.
Ontem, li que o jornal tem um novo formato, ligeiramente diferente, e trazia um novo caderno - Ideias.
De repente, bateu-me uma enorme vontade de voltar a ver o jornal em papel, e comprei-o.
Foi como aqueles jantares de comemoração de 5 anos do fim do curso - ai que saudades tinha de te ver, o que fazes?, estás na mesma!!!
Estava eu a interrogar-me de onde viria toda esta parvoíce, quando no tal novo caderno - Ideias - a escritora Isabela Figueiredo escreve a propósito dos supostos encontros tipo Tinder nos supermercados Mercadona:
"A fisicalidade, o medo e o risco fazem parte do jogo de sedução e das emoções que lhe dão sentido. O que subjaz a tudo isto é uma enorme vontade de regressar ao lado menos domesticado das relações, quase desaparecido na contemporaneidade politicamente correta. Onde há muita civilização há muita frustração. Queremos o velho romance cara a cara que entrou em desuso com a internet. Sonhamos com a presença do outro. Estamos fartos de nudes por WhatsApp."
A minha relação com o Expresso é meramente pragmática, mas isso não quer dizer que, de quando em vez, não ganhe com um pouco de fisicalidade também.
Foi bom, mas agora...adeus.
Nota: vou guardar este jornal como um bem valioso. Já muitas vezes tinha pensado que nesta casa não havia uma única folha de jornal, e todos sabemos como elas às vezes dão jeito...!