Hoje foi assim
É mais forte o que as une que o (muito) que as separa.
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É mais forte o que as une que o (muito) que as separa.
Já todos vimos um bêbado num baile, certo?
A música vai para um lado e ele vai para o outro (geralmente o lado do bar).
Pois, o camarada Paulo Raimundo, pouco se importa com a "música" dos nossos dias - a "música" da direita e da extrema-direita e, em vez de cerrar punhos e dentes contra elas, continua a mandar pontapés para as canelas do PS.
Foi o que o camarada Raimundo aprendeu em pequenino, e isso lhe basta.
Um partido que teve cabeças como Álvaro Cunhal, Barros Moura (conhecido na faculdade por IBM, ou seja, Inteligente Barros Moura), Luís Sá ou João Amaral, entre muitas outras ao longo dos anos, acabou a escolher, para o dirigir no século XXI, uma cabeça... de nabo.
Fico sempre surpreendida com a opção por velhos erros.
Alguém devia dizer ao primeiro-ministro Montenegro que, para mostrar apoio político à sua ministra da Administração Interna - Margarida Blasco - não precisava de, no funeral dos três bombeiros, a abraçar tão longa e sentidamente como se ela, em vez de ministra, fosse a própria mãe dos bombeiros.
De tão básico, populista e encenado, foi patético.
De tão impúdico, foi imoral. (E deu-me volta ao estômago).
A internet, já sabemos, é boa e cruel. As redes sociais são crudelíssimas.
Sabemos? Bem, nem todos.
Veja-se o caso, ontem, do Ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, homem de 67 anos, que, na televisão, indo para a zona dos fogos, e tendo-lhe sido perguntado quantos dias lá ficaria, respondeu ingenuamente: a minha mulher fez a mala para três dias.
Foi o bastante para cair o Carmo e a Trindade nas redes sociais.
Homens tão feministas que Deus nos livre, e mulheres que olham todos os homens como meros fornecedores tóxicos de esperma, escandalizaram-se uns, divertiram-se outros, e nenhuns pouparam o ministro ao seu sarcasmo ou injúria.
Cada casal tem a sua forma de relacionamento e os casais de hoje são assaz diferentes dos de há 30 ou 40 anos. Mas a expressão "dividir a vida" mudou assim tanto de sentido?
Parece que cumplicidade e entreajuda são palavras riscadas do dicionário dos afectos.
Nunca fiz uma mala de viagem ao meu marido (e ele já fez centenas), mas, se decidisse fazer, isso queria dizer que sou uma mulher submissa e explorada?
E que se diria dele por me tratar dos impostos, coisa que eu muito agradeço?
Tudo isto que penso, não invalida que também pense, e duvide, que um ministro que não percebe patavina do tempo em que vive, e por isso se sujeita a muitas alarvidades ao abrir a boca na televisão, possa dar algum bom contributo para o desenvolvimento do país, e ainda menos para a sua "coesão territorial". Ou outras.
Ando seriamente preocupada com os comportamentos estranhos de alguns dos meus sentidos.
Imagine-se que, de cada vez que os meus olhos veem o Nuno Melo, ao meu nariz chega um insuportável cheiro a bafio.
Foto Masao Yamamoto
"...aquela que por milénios foi a singela palavra "mulher", tornou-se um dos termos mais explosivos do nosso tempo. Inúmeras pessoas (e até publicações científicas como a Lancet) evitam-na cuidadosamente, preferindo termos como "pessoas que menstruam", ou "que têm colo do útero" ou "pessoas alimentadoras de peito", tudo para não ofender 0,5% da população mundial chamada de transgénero."
"O Cancelamento do Ocidente", Paulo Nogueira
Ed. Guerra e Paz
Estou de acordo que há pessoas que menstruam e não se sentem mulheres, sei disso, mas cá por mim,
gostava de morrer como nasci - MULHER, simplesmente.
Pergunto-me se isso já será pedir muito...
Tribo mursi, Etiópia
Neste tempo de pouca roupa, observei, com curiosidade, a hiperdecoração dos corpos que me passavam diante dos olhos.
Tatuagens grandes, pequenas, médias, de (quase) corpo inteiro, ou as que quase só nos espreitam de algum local mais recôndito, pestanas postiças que parecem leques, lábios com micropigmentação que lembram corações adoentados e sobrancelhas tão feitas a régua e esquadro que mais parecem um trabalho saído duma aula de geometria.
Porém, o meu maior espanto sempre aconteceu com as unhas - enormes, com decorações singelas ou bizarras são, em ambos os casos, elementos externos que dificultam o bom desempenho das mãos.
Nesta era cada vez mais digital, as mulheres ficam com dificuldade em digitar. Não é estranha a opção?
A continuar assim a moda, ainda chegaremos aos hábitos dos nativos africanos que metiam discos no lábio inferior, como o da imagem. Nunca percebi como falavam ou comiam, o que me causava infantil aflição quando via as imagens da colecção de cromos "Raças Humanas".
Excessiva, feia, antinatural, kitsch, assim é a moda feminina deste final de quarto de século.
Felizmente, agora, a moda também é o que cada uma de nós quiser. Para mim, ninguém definiu melhor elegância que o designer Armani.
Perguntado o que é para ele uma mulher elegante, respondeu: é aquela que, quando entra numa sala, ninguém dá por ela mas, quando sai, toda a gente pergunta quem era aquela mulher.
Procurei sempre fazer da opinião de Armani uma norma de vida. Mas já não se usa, eu sei.
Na morte do Presidente, há 3 anos.
"O processo de fundação de um novo partido europeu está em curso. O Bloco de Esquerda desarticulou-se da família da Esquerda Europeia, para se articular com o que considera ser uma nova esquerda verde e feminista. Catarina Martins é co-presidente da ELA, a nova Aliança de Esquerda Europeia pelo Povo e pelo Planeta, juntamente com Malin Björk, do Partido de Esquerda sueco. A secretária-geral e tesoureira também são mulheres. Em português, o acrónimo ELA assenta como uma luva. Para já, são uma associação política de sete partidos, incluindo a França Insubmissa, o espanhol Podemos e o Razem polaco, mas esperam crescer e aguardam pela autorização para ser partido pan-europeu.
"A Esquerda tem uma responsabilidade que é perceber onde é que estão as lutas comuns que podem dar força a uma alternativa na Europa. As lutas do trabalho, uma postura feminista perante o mundo e as questões ambientais, climáticas, juntam-nos", diz Catarina Martins ao Expresso."
Muito bem, Catarina. Ainda não teve tempo de conhecer os cantos à casa e já a está a desarrumar.
E faz bem, porque o que o mundo e a Europa mais precisam neste momento é de dividir ainda mais os partidos de esquerda face ao fortalecimento da extrema direita.
Esta gente não estudou história nem aprende nada; pensa em inovar, não vão os povos estar fartos deles, tal e qual como a McDonald's. E sai pastel de bacalhau com queijo.
Intragável!
Há meia dúzia de anos, deixei de comprar o Expresso e passei a lê-lo online através de uma assinatura.
Ontem, li que o jornal tem um novo formato, ligeiramente diferente, e trazia um novo caderno - Ideias.
De repente, bateu-me uma enorme vontade de voltar a ver o jornal em papel, e comprei-o.
Foi como aqueles jantares de comemoração de 5 anos do fim do curso - ai que saudades tinha de te ver, o que fazes?, estás na mesma!!!
Estava eu a interrogar-me de onde viria toda esta parvoíce, quando no tal novo caderno - Ideias - a escritora Isabela Figueiredo escreve a propósito dos supostos encontros tipo Tinder nos supermercados Mercadona:
"A fisicalidade, o medo e o risco fazem parte do jogo de sedução e das emoções que lhe dão sentido. O que subjaz a tudo isto é uma enorme vontade de regressar ao lado menos domesticado das relações, quase desaparecido na contemporaneidade politicamente correta. Onde há muita civilização há muita frustração. Queremos o velho romance cara a cara que entrou em desuso com a internet. Sonhamos com a presença do outro. Estamos fartos de nudes por WhatsApp."
A minha relação com o Expresso é meramente pragmática, mas isso não quer dizer que, de quando em vez, não ganhe com um pouco de fisicalidade também.
Foi bom, mas agora...adeus.
Nota: vou guardar este jornal como um bem valioso. Já muitas vezes tinha pensado que nesta casa não havia uma única folha de jornal, e todos sabemos como elas às vezes dão jeito...!
Podia até ser o Pato Donald que, para mim, desde que enfrentasse o outo Donald, com coragem e dignidade, já mereceria o meu respeito.
Acontece que é uma mulher, Kamala Harris, e que, também por isso, vai ouvir os piores insultos enquanto defende os direitos fundamentais que orientam a convivência na sociedade em que costumamos viver.
E ela trouxe uma gargalhada e um pouco mais de esperança e de civilidade.
Não sou tomada por hesitações, como o Hugo Soares do PSD, nem me assiste a indiferença, como ao PCP.
Gostemos ou não, as eleições americanas influenciam muito a nossa vida; por isso, Kamala, respect!, e livra-nos do "esquisito".