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Última Paragem

O blog do bicho do mato

O blog do bicho do mato

Última Paragem

28
Mar24

Baderna

Maria J. Lourinho

aguiar.jpgO que se passou na Assembleia da República para a eleição do seu novo presidente foi lamentável, se não mesmo vergonhoso. Eu, pelo menos, senti vergonha.

Ao contrário da esquerda alargada em que geralnente me posiciono, gostei do modo como se resolveu a crise.

Criada pelo Chega, arte em que se mostra insuperável, vimos um PSD, e sobretudo um Montenegro, amarfanhado, derrotado, humilhado, sem reacção nem solução. A linguagem corporal de Luis Montenegro era muitíssimo eloquente. Era preciso resolver o embroglio em que o PSD se meteu,  ao confiar em quem não é confiável.

Foi então que o PS se chegou à frente e encontrou uma solução.  Isso não fez dele um aliado do PSD, nem um início de bloco central, nem deixou a oposição para o Chega como a esquerda diz. Apenas não deixou degradar ainda mais a imagem dum importante órgão de soberania. Atalhou a baderna e encerrou o assunto.

Para fazer a oposição que importa, haverá ainda muito tempo.

Resumindo, foi a maturidade  na sala.

Eu gostei, e creio que todos os que amam a democracia também.

26
Mar24

Deve ser uma felicidade ser assim

Maria J. Lourinho

Foto_Francisco-ASsis-scaled.jpg

Assim como?

Ora, como o Francisco Assis, aquele Ser cheio de si, ao contrário do santo que lhe deu o nome, um homem do tudo ou nada, para quem o tudo talvez ainda seja pouco. Eu logo estranhei que o homem mais de direita do PS fosse apoiar o mais de esquerda. Afinal havia um objectivo (se presidente da AR), e um percurso a fazer mesmo  que tivesse de ser feito de burro e com o nariz tapado. Deus castiga, dizem.

O que li:

"Assis rejeita vice-presidência da AR.
Francisco Assis, que liderou a lista socialista pelo Porto e contava poder chegar a presidente do Parlamento em caso de vitória do PS, comunicou a Pedro Nuno Santos que não pretende ser candidato a vice-presidente da AR nem está disponível para outros cargos como líder da bancada ou até presidente de uma comissão parlamentar. O que criou um problema ao PS sobre quem indicar para a vice-presidência."

Público, 26 Março 2024

25
Mar24

Aviso

Maria J. Lourinho

Aviso: sou bastante má pessoa.

Deve ser por isso que, depois de tudo, esta  bonomia e cordialidade  exibidas por António Costa, para com todos, na hora da despedida, me parece - das duas uma, ou hipocrisia ou falta de espinha.

Mas, pronto, já avisei, eu sou má pessoa.

 

21
Mar24

Solventes e inteligentes

Maria J. Lourinho

New Grange.jpg

Eu e as minhas costas, há vários pares de anos, em New Grange, Irlanda

 

"O primeiro-ministro da República da Irlanda apresentou esta quarta-feira, de forma inesperada, a sua demissão da chefia do Governo e da liderança do partido Fine Gael.

... A demissão de Varadkar não obriga à convocatória de eleições antecipadas, podendo ser substituído no cargo de primeiro-ministro pelo próximo líder do Fine Gael." 

Público, 20 Março 2024

Por aqui, tal coisa é impensável. Marcelo quis, porque quis, dissolver.

Marcelo Rebelo de Sousa, como solvente, é bom.

Como árbitro, não serve nem para os regionais.

19
Mar24

Pai

Maria J. Lourinho

IMG_20240319_103752_935.jpg

Com ele aprendi a resistência à adversidade, o sentido de justiça, o gosto pela leitura, o dever de fazer sempre o melhor possível.

O sorriso tímido e o olhar afectuoso completam o mais forte das minhas memórias do meu pai, que já me falta há 38 anos. É uma vida.

15
Mar24

A vida está má?

Maria J. Lourinho

Hoje fui, pelas 9h30, fazer compras ao Pingo Doce aqui do bairro.

E fiquei espantada com o mar de pessoas que tomavam o pequeno almoço, ou ainda esperavam por ele.

Sei que a normalidade está sempre a mudar mas, na minha cabeça antiquada, quando a vida está má, a gente toma o pequeno almoço em casa. Um pãozinho e um café com leite aconchegam as entranhas durante umas horas, não é verdade?

Pois...não! O que vi diz-me que não!

14
Mar24

O fim da moderação e sensatez

Maria J. Lourinho

 

Candice.jpg

A directora de um museu alemão cancelou, em Novembro, uma exposição programada da fotógrafa Candice Breizt.

Esta nasceu na África do Sul e é judia.

Sendo judia, ousou, como tantos outros artistas e meros cidadão de Israel, criticar a actuação do seu governo em Gaza. Por isso, escreveu numa rede social:

“a punição colectiva de um povo já profundamente oprimido não resgatará as vidas tragicamente perdidas durante o ataque do Hamas, nem contribuirá para a segurança dos judeus no longo prazo”; ou ainda que “é possível defender a luta dos palestinianos por direitos básicos e dignidade humana – incluindo a sua libertação de décadas de opressão –, e condenar inequivocamente a horrenda carnificina executada a 7 de Outubro e o cruel estrangulamento a que o Hamas submete a população civil de Gaza”.

Pode haver pensamento mais sensato e equilibrado? Pois! Hoje em dia, equilíbrio e sensatez não são bem vindos, e a exposição foi cancelada.

Resta saber se tanto brio e rigor censório veio da directora do museu, que também foi agora despedida, ou da própria Ministra da Cultura.

Uma coisa é certa: neste nosso belo mundo das democracias liberais, Israel é inatacável, mesmo que seja um judeu a fazê-lo e com muita ponderação.

Como devemos chamar a isto? Estão-me a faltar os termos...

 

O excerto do texto usado é do Público

A foto é um trabalho da artista  Candice Breizt

13
Mar24

Achei lindo

Maria J. Lourinho

"A minha avó materna guardou, durante muitos anos, fotografias dos primeiros anos em que a deixaram votar.

A melhor roupa estava reservada para aquele momento; os melhores sapatos também.

Que mania magnífica a de elevar aquela ocasião a um casamento. Tantos anos depois, sigo-lhe os passos. E todos os que conheci na rua (durante a realização de duas reportagens com líderes partidários) também.

Enquanto acordarmos felizes, entusiasmados por ir votar e, sobretudo, enquanto vestirmos a nossa melhor roupa para o sufrágio, estaremos a manter viva a democracia"

Salomé Leal, na última edição da Pinóquio, a newsletter do Polígrafo.

11
Mar24

Banhada

Maria J. Lourinho

Banhada.jpeg

Cinquenta anos de 25 de Abril, cinquenta fascistas no Parlamento.

Agradecimentos por ordem cronológica de entrada no acontecimento:

- À comunicação social que há 5 anos apaparica e carrega o monstro às costas para agora se poder mostrar tristonha.

 - A António Costa e Fernando Medina que preferiram fazer um grande mealheiro a resolver os problemas prementes da vida das pessoas. Já Salazar tinha feito o mesmo.

 - Ao Ministério Público muito habilidoso a levantar suspeitas e "um pé" a prová-las

 - A Marcelo Rebelo de Sousa que durante anos enganou quase Portugal inteiro. Por fim, o seu natural modo de ser e estar, intriguista, venenoso, dissimulado e interesseiro, veio ao de cima. Queria, porque queria, mais uma eleições mesmo com o desastre anunciado.

 - Por fim, ao milhão de portugueses ressentidos que acreditam que um aprendiz de fascista lhes vai resolver os seus reais problemas.

Eu deitei-me a pensar no título do filme: Good Night and Good Luck (Boa Noite e Boa Sorte). E assim vou continuar.

 

09
Mar24

Leitura e liberdade

Maria J. Lourinho

livros.jpg

"Porque é que ler conta, e muito, para a liberdade?
Ler, uma actividade em extinção, por muito que as livrarias estejam cheias de feéricas capas, por muito que se diga a gigantesca asneira de que ler num ecrã de telemóvel é o mesmo que num livro (experimentem a Montanha Mágica ou a Guerra e Paz…), ou que a “geração mais preparada” pode fazer um curso superior sem ler um livro (bem, dois, três e já é muito), e por aí adiante. Falar e escrever bem também estão em extinção, com a redução do vocabulário circulante a pouco mais do que os antigos 140 caracteres do Twitter, agora 280 no X, o que vai dar ao mesmo – a enorme dificuldade de expressão que se vê todos os dias e por todo o lado. Qual é o problema? É que quem não lê, não fala e não escreve decentemente, é menos livre, mais facilmente manipulado, menos eficaz em coisa alguma importante, mais fácil de ser mandado e de não mandar nem em si próprio. Ou seja, repito, menos livre."

Pacheco Pereira, Público, 9 Março 2024

08
Mar24

Dia Internacional da Mulher

Maria J. Lourinho

Screenshot_20240307-095120_Instagram.jpg

Ano da graça de 2024! O que nós andámos para aqui chegar.

Nos últimos 50 anos, desde Abril, os progressos foram gigantescos e, às jovens mulheres de hoje, felizmente, nem passa pela cabeça a ausência de direitos que, sucessivas gerações das suas parentes, viveram em Portugal.

No mundo, nem se fala.

Estamos, porém, ainda longe da igualdade de géneros; não na lei, mas nas cabeças, mesmo nas cabeças dos mais empedernidos homens feministas.

A imagem que reproduzo é um exemplo claro do que digo.

Encontrei-a numa rede social e é a parte da frente de uma t-shirt, vestida por um homem, feminista, defensor da completa igualdade de géneros e apoiante do BE.

Quem assistiu ao debate televisivo entre Mariana Mortágua e André Ventura, lembra-se, talvez, de este último ter dito - “posso interrompê-la?” ao que Mariana, prontamente, respondeu - “não, não pode” (o que está reproduzido na t-shirt).

Este diálogo seria considerado banal entre opositores em debate, se estes fossem dois homens; feiamente agressivo se fosse entre duas mulheres. Se tivesse sido dito ao contrário, dir-se-ia que Ventura era mal educado e misógino ( o que é verdade), tendo sido dito por uma mulher ao Ventura, virou bandeira de feminismo. Porquê? Porque não é suposto uma mulher responder ao Ventura como qualquer homem. Isso não acontece nem na cabeça do mais sólido feminista. Se uma mulher, em confronto, é firme, segura, e até, quiçá, um pouco grosseira com um homem, e o manda calar, merece a cara numa t-shirt.

Acrescente-se-lhe, num canto da dita t-shirt, a mesma heroína montada numa mota, e temos um estereotipo todo virado do avesso, mas estereotipo na mesma.

Como disse lá em cima, a igualdade de géneros entrou na lei mas não nas cabeças, mesmo nas que estão cheias de boas intenções.

Mulheres do meu país: a luta continua.

05
Mar24

Poucas questões que sempre me dão o norte

Maria J. Lourinho

voto.jpg

  • Não quero um cheque-ensino para todos irmos pagar os colégios de alguns. Quero uma boa escola pública, que será também o maior elevador social deste país (até já o foi)

  • Não quero um voucher-saúde para cada um ir onde quer e todos pagarmos muitos exames desnecessários (já hoje é assim no privado) . Quero um SNS capaz, onde todos somos iguais e só se gasta o necessário.

  • Não quero barrar a entrada a imigrantes. Precisamos deles e quero que eles sejam tratados como sempre quisemos que os nossos milhões de compatriotas emigrados fossem tratados em qualquer canto do mundo.

  • Não quero que nenhum português viva abaixo do limiar da pobreza (muito menos os que trabalham).

  • Quero que a política se abra ao progresso e inovação da própria sociedade em que se insere.

  • Não quero pagar menos impostos. Quero apenas, em troca deles, receber melhores serviços públicos.

Indecisa, eu? Nunca!

 

 

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