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Última Paragem

O blog do bicho do mato

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Última Paragem

28
Fev24

Passos assustadores

Maria J. Lourinho

Não julgo o homem apenas pela aparência porque já tive quatro anos para o julgar pelos actos.

Não julgo apenas pela aparência, mas também julgo pela aparência. Por isso digo que a figura física de Passos Coelho é (para mim) sinistra e repulsiva: dentes pequenos e amarelos, sem cabelo, sem lábios, sorriso ora desdenhoso ora escarninho, cantos da boca descaídos.

Olho e parece-me a figura assustadora do elenco de um filme de mortos-vivos, encarnando o mal, o ressentimento, e o gozo com o sofrimento dos outros.

Pronto!, desabafei. E não me sinto sequer maldizente ou má pessoas, porque já o grande Oscar Wilde dizia que só as pessoas muito superficiais não julgam pelas aparências. 

E eu penso, com os meus botões, que é muito bom que um grande espírito nos afague o ego quando temos sentimentos de culpa por julgamentos que não queríamos fazer, mas fazemos.

21
Fev24

Um avôzinho que não queria ter

Maria J. Lourinho

gaza.jpg2.jpg

Gaza e Afeganistãoafeganistão.jpg2.jpg

Com o seu arzinho frágil, mas simultaneamente ridículo quando ensaia uma corridinha para mostrar que é novo, o presidente Biden não passa de um político belicoso e desumano.

Começa o mandato com uma saída vergonhosa do Afeganistão, quando deixa para trás, depois de o levar para uma guerra que não conseguiu ganhar, um país que quase o não é, com milhões sem condições de sobrevivência e uma sítuação inenarável para as mulheres.

Continua com a guerra na Ucrânia, onde nunca deu alento às iniciais conversações de paz. Ao contrário, prometeu tudo e mais um par de botas a Zelensky, inclusivé a glória eterna, como se tudo, sempre, dependesse da sua exclusiva vontade. Como já todos sabíamos, o próprio incluído, não depende.

Finalmente, é incapaz de subscrever, sequer, um cessar-fogo mínimo e temporário em Gaza que pare o massacre bestial do povo palestiniano.

Acredito que Trump ganhará as próximas eleições nos EUA e que o mundo ficará ainda mais perigoso, mas a alternativa Biden tem sido uma profunda decepção. É um falcão disfarçado, perdedor óbvio que, no seu mandato, não trouxe nem um minuto de esperança, futuro ou paz para a humanidade.

Pior é sempre possível? É, claro que sim, mas um futuro de furacões não alivia um presente de fogo posto que se deixa arder.

16
Fev24

O sentimento de si

Maria J. Lourinho

CE.jpg2

O título deste post é, igualmente, o título de um livro do neurocientista português António Damásio.

Apareceu-me como quase todos os outros, isto é, sabe-se lá de que confins da memória.

Certo é que conheci António Damásio, professor. Excelente professor. Que, contudo, não parava para pensar se estaria a abusar da sua posição dominante  para achincalhar um aluno (a).

Era, nessa altura, pouco antes do 25 de Abril 1974, médico maçarico no serviço de neurologia do Hospital de Santa Maria. Depois daquela madrugada do dia "inteiro e limpo", logo que pôde, emigrou para os Estados Unidos da América. Sem fonte segura de informação, sempre me pareceu que, querendo uma carreira internacional, não esteve cá para chatices e revoluções. Logo, adeus Portugal.

Por lá ficou, fazendo brilhante carreira de investigador, escrevendo livros aplaudidos pelos seus pares (e também pelos seus "impares") num mimetismo parolo, deslocando-se para receber prémios.

Não lhe retiro nem um grama de mérito profissional, é tudo merecido.

O que nunca percebi, é por que razão Marcelo resolveu convidar para o Conselho de Estado este homem, que vive fora da nossa realidade há 50 anos.

Posso ver qualquer cientista, Damásio incluído, a ocupar lugares em quase todos os domínios da vida dum país, da empresa à escola, do mundo cultural às fundações, do hospital à diplomacia etc, mas não consigo ver alguém que há 50 anos não sofre os nossos dias - com desânimos, frustrações, negas, ou as nossas alegrias, esperanças, e vaidades - a aconselhar o PR sobre como conduzir a política que afetará o colectivo que somos, aqui e agora.

Dito isto, Damásio fez bem em não entregar a sua declaração de bens ao Tribunal Constitucional que parece só enxergar a letra da lei.

O que eu acho que ele não fez bem, foi aceitar um convite para vir opinar sobre momentos cruciais de uma realidade que conhece da longe, de ler, de ouvir dizer e que nunca se lhe inscreveu na pele, como a nós.

Não, quando se sentava no Conselho de Estado, ele não era um de nós.

Este convite e sua aceitação tem a marca  da tontice de Marcelo e da vaidade de Damásio.

A burocracia acabou agora com as duas.

 

A foto é do Sapo

13
Fev24

Medicina moderna

Maria J. Lourinho

Longe vão os tempos em que o médico subia a pé um segundo andar, quantas vezes fosse necessário, para ir ver o meu avô.

Esse tempos acabaram. Isso não é bom nem mau, é apenas outra coisa.

A vida evoluiu, e passámos a ser nós, em estado de doença (mesmo aguda) ou ainda saudáveis, a ir ao consultório do médico.

Se necessário, depois da consulta, podíamos telefonar-lhe.

Agora, o médico já nem tem consultório. Trabalha num centro de saúde, num hospital ao numa clínica e, qual deus no seu pedaço, não fala directamente com o paciente. Na melhor das hipóteses, manda recado.

Digo na melhor das hipóteses porque, resumindo, a "coisa" é assim:

O médico tem lá a sua vida muito arrumada como gosta e quer; trabalha aqui, ali, acolá para compôr o fim do mês.

Quanto à nossa doença, ela que se encaixe nessa sua vidinha como puder, e que nem pense em desarrumá-la, que ele não deixa. 

Na medicina, como no resto, a ordem mais vezes ouvida pelos portugueses é -  ESPERE!

Inveja do meu avô, caramba.

Nota: não estou a dizer que antigamente é que era bom, longe disso. Mas hoje, ser médico, é ter um emprego como qualquer outro. Tem-se um horário, e cumpre-se, se possível.

12
Fev24

Machos latinos

Maria J. Lourinho

A Crespo.jpg

Creio que Anselmo Crespo, experiente jornalista da CNN, não teria dito isto (com clara vontade de ter graça no achincalhamento), se estivesse a falar de um homem.

Apesar das enormes mudanças verificadas nos últimos anos, e até dos exageros do MeToo e similares, que levaram os homens a ficar mais atentos a comportamentos e linguagem, o machismo em Portugal é como uma nódoa antiga que ressumba, um edifício caquético que resiste a desmoronar, uma faca ferrugenta que fere sem pré-aviso.

E continua bem entranhado na nossa cultura; ao mais pequeno descuido, mostra-se.

07
Fev24

O que eles nos podiam dizer

Maria J. Lourinho

Painel.jpg

Da esquerda para a direita, o que eles nos podiam dizer:

- Olá, eu sou o Pedro, gosto muito de mim, e acho-me capaz de fazer muitas coisas.

- Olá, eu sou o Luís e ainda não percebi bem porque estou aqui nem o que sou capaz de fazer.

- Olá, eu sou o Rui Primeiro e não gosto de mim – ADORO-ME!!!

- Olá, eu sou o André. Saiam-me da frente que vou partir isto tudo. Com a ajuda de Deus, claro.

- Olá, sou a Mariana. Queria muito chegar aqui, e a falar assim baixinho talvez não perca por muitos.

- Olá, sou o Paulo. Até eu estou espantado por estar aqui.

- Olá, sou o Rui Segundo. Gosto disto e sou teimoso. Dê por onde der, FICO!Depois...logo se vê.

- Olá, eu sou a Inês. Sou sociável, gosto de ir a todas as festas, aceito todos os convites.

 

(o “boneco” roubei-o ao Público)

05
Fev24

A montanha Fosse

Maria J. Lourinho

fosse 2.jpg

Jon Fosse foi Nobel da Literatura no ano passado. É norueguês.

São 300 páginas de uma toada sobre a vida, o passar da vida, o mar, o fiorde, o frio, a neve, a solidão, o alcoolismo, a arte, o amor, a amizade, as lutas individuais, Deus, a morte.

A toada às vezes é bela, ás vezes é mística, quase sempre é melancólica, e muitas vezes é chata de tão repetitiva.

É preciso ter paciência, sim, e não foi fácil a leitura. 

Dentro dela, eu própria me senti, frequentemente, às voltas no fiorde, sobre a neve e com frio.

No fim, não fiquei convencida de ter lido um livro inesquecível, mas ficou a satisfação de ter chegado ao fim, ainda que muito cansada e com falta de oxigénio, como se tivesse conseguido escalar uma enorme montanha. Nevada, é claro.

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