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Última Paragem

O blog do bicho do mato

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Última Paragem

30
Nov23

Negociar é...

Maria J. Lourinho

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Quando uma classe laboral enceta uma luta, é porque precisa mesmo de a fazer. Para a sua própria sobrevivência, ou para um bem maior e colectivo.

Não tenho dúvidas de que os nossos médicos chegaram ao seu limite e sentem que o SNS também está nos seus limites.

Por isso lutam, como lutam todos os outro trabalhadores – fazendo greve.

Estas, nos serviços públicos, agridem sempre, e só, os utentes desses serviços. Dá-se o caso de, sendo os utentes também doentes, e geralmente sem outros recursos, a greve poder ter consequências muito graves e ser grande o sofrimento provocado.

A dura luta dos médicos atingiu alguns objectivos, que, ao que os próprios dizem, não são suficientes. Quatrocentos euros de aumento não são suficientes. E talvez não sejam mesmo; que sei eu disso?!

Há, porém, uma coisa que eu sei, e sei por experiência própria: negociar não é impor ou exigir. Negociar é uma troca, um toma lá dá cá, que satisfaz minimamente, e por etapas, ambas as partes. Só assim o “negócio” é bom.

A líder da FNAM parece que não concorda com isso.

Gosto de mulheres determinadas e assertivas, não gosto de mulheres (nem de homens) autoritárias e donas da verdade.

Felizmente, estas características são mais evidentes na juventude, e esta, como se sabe, é uma doença que passa com a idade.

A culpa é do senhor ministro? O senhor ministro não quer negociar?

Não creio. A culpa é sempre repartida.

Além disso, o senhor ministro conhece os seus limites. Já a Joana...

 

28
Nov23

Albert continua a ter razão

Maria J. Lourinho

 

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Atribui-se a Einstein a afirmação "Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta."

E continuamos a não ter a certeza sobre a expanção do universo. Já quanto à estupidez humana, não nos faltam confirmações todos os dias.

A foto que "ilustra" este post, é da revista Visão e tem uma legenda que nos conta muito.

Num mundo atafulhado de lixo, e que se deteriora diante dos nossos olhos todos os dias, o país campeão do consumo dá o (mau) exemplo.

Se a Melania era uma deslumbrada e impreparada, da dra. Jill Biden era lícito esperar decisões mais modestas e pedagógicas.

Apesar do povo gostar de espectáculo, lustro e grandeza, e de os políticos gostarem de lhos dar, se o exemplo de  moderação não vier de cima, difícil será mudar atitudes e pensamentos.

E, se isto é assim só dentro da Casa Branca, imaginemos o lixo e consumo energético que todo o mundo cristão fará em poucos dias dos últimos meses do ano.

É aterrador e desmoralizador.

Continuas a ter razão, Albert: a estupidez humana é infinita.

27
Nov23

Acho que é azia

Maria J. Lourinho

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Os fantasmas voltam sempre para nos assombrar. Mas deste, mais múmia que fantasma, às vezes tenho pena. É que ele tem cara de quem acha que a vida é uma cabra que sempre o trata mal. Ou então terá calos nos pés, ou cólicas, ou dor de dentes, ou azia, sei lá.

(também não quero saber... mas parece-me mais azia)

Não fiquei vesga; escolhi, de propósito, uma foto pequenina e a descair para a direita que é para onde vamos.

25
Nov23

Moeda falsa

Maria J. Lourinho

Carlos Moedas decidiu porque decidiu, que era urgente comemorar o 25 de Novembro. Porque sim, porque faz sentido, porque não há 25 de Abril sem 25 de Novembro, porque o ovo e a galinha, porque queria, porque lhe apetecia, porque era mais do que tempo. E fez.

O povo acudiu em massa, pois sabe-se como a data sempre foi popular. Como se percebeu que a Avenida não era suficiente, meteram-se todos no salão nobre dos Paços do Concelho de Lisboa que ficou cheeinho.

Quanto aos discursos, couberam ao inventor da celebração, o que é justo, e também a um tropa reformado; a festa foi abrilhantada pela presença de  individualidades, quatro ou cinco, de se lhe tirar o chapéu: a D. Lucília com o seu betume facial, o almirante das vacinas que ainda vamos gramar como candidato a PR, o Rangel eurodeputado que ataca o seu país onde o devia defender, e o charmoso Nuno Melo que, ao que consta, nem isso faz.

A chamada à comemoração não desmereceu da dita. Foi feito uma cartaz chamativo, elaborado com base numa foto dum comício do PS em Julho do mesmo ano. Isto é, quatro meses antes do dia celebrável.

Tendo sido pedido, a Carlos Moedas, que retirasse a imagem, que podia induzir em erro, mandou o seu vereador da cultura dizer que o 25 de Novembro foi um processo e não um dia, e que não ia mudar nada.

A mim, tal resposta, faz-me logo lembrar quando eu ainda tinha paciência para, no Facebook, avisar algumas pessoas que estavam a publicar notícias falsas.

Não era raro que me respondessem: não é verdade mas podia ser. Por isso, fica.

Moral da história: qualquer um, de qualquer classe social, e em qualquer lugar, pode ser intelectualmente tosco, para não dizer pior.

 

24
Nov23

Chicote hoje não

Maria J. Lourinho

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"Ahmed Ashour perdeu a mulher e dois filhos num bombardeamento israelita à Faixa de Gaza. Sobreviveu apenas uma filha bebé. A residir em Portugal há nove anos, diz que ministro dos Negócios Estrangeiros devia demitir-se"

Jornal de Notícia 16/11/2023

Lamento profundamente o drama vivido por Ahmed Ashour (bem como lamento o martírio de todos os Ahmeds deste mundo), mas não ando com vontade de usar o chicote. Não posso, pois, deixar de achar curioso que este homem nunca responsabilize pela sua perda, nem Israel, nem o Hamas nem o governo Egípicio com os seus imensos entraves na fronteira, nem a si próprio, que deixou a família em Gaza e voltou para acabar um doutoramento, ao que dizem as notícias.

Não, ele culpa, pela morte da sua família, e por não a ter tirado a tempo de um dos sítios mais perigosos do mundo, no meio da mais mortífera guerra dos últimos anos - por acaso o sítio para onde ele a levou -  o Ministro dos Negócios Estrangeiros português. Tanto que até pede a sua demissão.

Mesmo dando de barato que ele sofre desalmadamente, acho extraordinário.

Realmente extraordinário!

Aprende lá  Ahmed, que o nosso país (meu e teu), às vezes porta-se mal, mas nem sempre.

Talvez, por isso, não precisemos de estar sempre de chicote na mão para o flagelar, e possamos olhar um pouco a nossa volta.

 

 

 

 

22
Nov23

Gordura e capitalismo

Maria J. Lourinho

Luís Pedro Nunes, que no Eixo do Mal da Sic frequentemente se enrola todo no discurso, é um excelente jornalista, escreve muito bem.

As suas crónicas semanais na revista E do Expresso, trazem-nos quase sempre temas curiosos e inusuais.

Se, no Eixo do Mal, não é raro eu aproveitar o tempo de antena dele para ir lavar os dentes, as suas crónicas escritas da E raramente me escapam.

À mais recente, deu-lhe o título de "A Sociedade do Açúcar" e nela fala um pouco da história do açúcar ao longo dos séculos e de como o seu uso alterou as sociedades. E vai continuar a alterar, segundo crê, com base em novos fármacos que prometem acabar com a obesidade.

Deixo um excerto da sua crónica para aguçar o apetite (mas não de açúcar )

As faculdades “miraculosas” dos semaglutidos ou outras drogas antiobesidade terão sempre a oposição de um dos mais fortes pilares do capitalismo, assente em açúcar, mas poderosíssimo. Quando está a tomar estas drogas e/ou quando se decide por uma alimentação saudável, o consumidor não tende a diminuir a quantidade de junk food ou de calorias. Mas, sim, a eliminá-las por completo. As cenourinhas McDonald’s e a Coca-Cola Zero deixam de apetecer sequer. Esta indústria é grande demais para cair de um dia para o outro. Os números de Wall Street podem prever hecatombes nos conglomerados alimentares, mas será para fazer dinheiro rápido. Se tal acontecesse, teríamos de refazer a sociedade, indústria, distribuição, o sistema publicitário, tudo. Um mundo de magros seria uma devastação para o atual capitalismo.

20
Nov23

Sara

Maria J. Lourinho

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Há pessoas que têm um brilho próprio de tal maneira intenso que, mesmo os não crentes, os pouco dados à metafísica e por aí, percebem que a sua presença por perto é muito transitória.

Diz-nos a intuição que são diferentes, talvez melhores, sei lá. Sei que carregam em si, e transparece, um poder qualquer que nos envolve e fascina. 

Talvez por tudo isso, não achamos estranho que partam cedo.

Temos muita pena, sem dúvida, mas aceitamos. Até porque, ao descobrimos esse seu poder, ao cruzarmo-nos com ele,  ao reconhecê-lo, fica em nós uma marca indelével que permanece e nos enforma. Até ao nosso fim.

Assim era Sara Tavares.

17
Nov23

Como estragar um negócio

Maria J. Lourinho

Pastelaria-Versailles.webp

Há mais de dez anos que tomo o café matinal sempre na mesma pastelaria.

Eram dois sócios, um risonho e falador, o outro sério e silencioso. Eram também três empregadas, todas redondas de carnes e todas bem dispostas.

Há uns anos o sócio risonho foi "cantar para outra freguesia" e deixou chafarica entregue ao sisudo.

Este, paulatinamente, foi despedindo as três empregadas, uma delas sua irmã, e por fim meteu lá a sua mulher.

Ficaram dois sisudos, sendo que a mulher é pior ainda que o marido.

Não preciso de pedir o café. Ela sabe o que eu gosto e serve-me um café do tamanho normal, sem açúcar, sem esquisitices modernas, de verão em chávena fria, de inverno em chávena quente.

É diligente, a senhora, mas então o par de trombas com que me recebe logo pela manhã?!

Muitas vezes tenho pensado: ora bolas, eu não mereço isto, isto não é uma maneira boa de começar o dia. Então porque continuas a vir? Ah!, é que os modos são maus mas o café é bom.

E isso chega? Não, não chega.

Breve chegará o dia em que me despeço desta rotina, tenho a certeza. Todos os dias penso nisso...!

E a vida continuará, mesmo que o café não seja assim tão bom.

 

Nota: na foto, a Pastelaria Versailles; nada a ver, claro, é só por contraste -  é bonita e atende bem.

16
Nov23

O problema das aparências

Maria J. Lourinho

 

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Lucília Gago, Procuradora Geral da República em foto do Público

Somos ensinados com a velha máxima - Quem vê Caras não vê Corações mas, depois, nas nossas leituras, encontramos um Oscar Wilde que nos diz:

"Somente as pessoas superficiais não julgam pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível, não o invísível"

Confesso que caio muito para o lado do velho Oscar.

14
Nov23

Médico?

Maria J. Lourinho

Li no Expresso de ontem esta conversa de um médico:

Já foi feito lá fora e podemos tentar: greve aos certificados de óbito. São da nossa responsabilidade, só os médicos os podem passar”, lê-se na rede do movimento na Internet. O autor da proposta explica ainda que “não prejudica ninguém porque, enfim, as pessoas já faleceram, não atrasa consultas, não desmarca cirurgias... mas tem potencial para instalar o caos numa semana”. Outra ideia é reforçar a greve de zelo. Exemplos: “Levar imenso tempo a ver os doentes na Urgência. Pedir uma bateria de análises que sature o laboratório e entupa tudo. Pedir ECO, TAC, RM, tudo o que tiver alguma pertinência para o doente e para encravar o processo”.

Penso:

Um médico tem direito à sua luta por melhores condições de vida e trabalho.

A medicina não é um sacerdócio ou uma missão, é uma profissão.

As greves sempre incomodam alguém.

Mas o médico tem que ter uma formação humanista, tem de perceber que o seu trabalho é especial, diferente de todos os outros, tem de ter empatia para com o seu semelhante, sobretudo se ele estiverer fragilizado.

O médico que preconiza “levar imenso tempo a ver os doentes na Urgência” (quando as pessoas já lá passam longas horas), a quem ocorra, sequer, “pedir uma bateria de análises que sature o laboratório e entupa tudo”, lamento dizê-lo, mas é alguém sem escrúpulos que instrumentaliza os seus concidadãos doentes.

Não merece ter carteira profissional. Até porque, realmente, não é médico, é um mero mercenário da medicina.

 

13
Nov23

Crises

Maria J. Lourinho

 

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Este é o país do segredo, do pequeno poder, do jeitinho, das leis propositadamente confusas.

Este é o país do Ministério Público poderoso mas mal preparado, que escuta até a nossa respiração, prende sem provas (só com escutas) e assume-se, na prática, como um estado dentro do Estado.

O governo caiu. Oxalá o MP tenha razão.

Os meios de comunicação social parecem ter decidido não esmiuçar o caso das gémeas brasileiras a quem pagámos um tratamento de quatro milhões de euros e que, à primeira vista, parece ter tido o patrocínio do Presidente da República ou de alguém próximo dele.

Fazem bem em varrer mais esse lixo para debaixo do tapete.

O país não aguentaria mais uma crise institucional.

A democracia não aguentaria, neste momento, uma tal crise de regime.

 

 

 

 

 

 

09
Nov23

Egos

Maria J. Lourinho

Nos últimos tempos, o Sapo tem alertado para o uso de imagens sem referência de autoria, o que nos pode trazer dissabores.

Sou, sempre, defensora dos direitos dos artistas e criadores em geral, e isso passa por, para além do dever ético de reconhecimento autoral, abominar o velho hábito português de pedir borlas aos artistas.

É para fazer um texto, tocar uma música, fazer um logotipo, participar num encontro etc, mas de borla, claro, porque há sempre pouco dinheiro.

Ora, coisa bem diferente é a ferocidade com que, hoje, qualquer amador que tira uma fotos giras com o telemóvel e as publica nas redes sociais entende que deve defender essa sua "obra".  O instinto de posse é tão gigantesco e os egos estão tão inflados que as pessoas lambuzam as suas ricas fotos com assinaturas, marcas de água e o que mais se lembrarem para as defenderem da cobiça alheia. 

Quem percorrer este blogue vai encontrar várias fotos minhas em que escrevi  por baixo:

A foto é minha mas pode levar. 

Ninguém precisa de pensar como eu, claro está, mas enquanto houver lucidez...fujo do ridículo. 

 

08
Nov23

O povo é uma criança

Maria J. Lourinho

De cada vez que há crise na política, Marcelo sai do palácio. Simplesmente, aparece.

Houve a cena do multibanco, a do gelado, e ontem veio só apanhar ar (o palácio não tem jardim, nem varandas nem nada...).

O homem está convencido que é paizinho de dez milhões de crianças burras e assustadiças, que precisam da figura tutelar do progenitor para manter a  calma.

Haja paciência.

 

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