Opinião dissonante
Li algures que há jovens que já não sabem pegar na caneta e escrever à mão, como há muitos outros incapazes de executar as operações aritméticas básicas. Não era dito que esses jovens não tinham sucesso escolar, as afirmações apenas continham uma pouco velada crítica às alterações do "estar" e do "ser" que sentimos já.
Confesso a minha pouca preocupação.
Os jovens não têm essas habilidades, mas têm outras, mais necessárias para o futuro.
Na maioria do nosso tempo de vida, era necessária a escrita à mão e o cálculo. No tempo da minha bisavó era imprescindível a uma mulher saber fazer pão ou costurar umas ceroulas. No tempo de adulta da minha neta, ela não precisará de nada disso, nem sei de que é que ela precisará, porque a vida será radicalmente outra.
No futuro, acredito, os humanos também serão muito diferentes daquilo que conhecemos. Serão outra coisa, mas ainda humanos, ainda pensantes, com emoções e razões.
Assumamos que Darwin, na sua teoria da evolução, não disse que nós, no século XX, seríamos o "pináculo" da evolução e que a coisa pararia por aí.
Teremos pena de não conseguir vislumbrar o que os miúdos de agora serão (sabemos que alguns dos trabalhos que terão em adultos ainda nem foram inventados) mas devemos confiar que essa outra "coisa", tão diferente de nós, será melhor.
Eles podem não saber realizar as oprações básicas, mas eu também não sei fazer ceroulas. Nem nunca precisei.
E o futuro já não é aquilo que costumava ser.