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Última Paragem

O blog do bicho do mato

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Última Paragem

30
Jun23

Contos Escolhidos – Carson McCullers

Maria J. Lourinho

 

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Regresso ao passado, a uma escritora singular, que escreve sobre um tempo e um lugar singulares ( os estados do Sul dos EUA na primeira metade do século XX).

Um mundo que já não existe mas a que é bom regressar, uma escrita suave e envolvente, sem arestas em que nos possamos magoar. Os personagens estão ali, olhados de fora e de dentro, melancólicos, impotentes, débeis e sofredores, confusos, imperfeitos.

Foi bom regressar a Carson McCullers com estes seus contos curtos e perfeitos.

Edições Relógio D'Água

29
Jun23

O Tempo

Maria J. Lourinho

Fiz anos há poucos dias, e sinto exactamente isto:

 “Não me parece que haja alguma maneira de nos prepararmos para a morte. Cada qual tem de inventar uma maneira. (...) Aquilo com que estamos a lidar — o tempo — não possui maleabilidade alguma. À parte o facto de que, quanto mais tempo albergamos em nós, menos tempo temos”.

Dito por Cormac McCarthy, citado por Pedro Mexia no Expresso de 23/6/2023

28
Jun23

Raimundo tanto faz

Maria J. Lourinho

Notícia do Expresso:

"O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou este sábado não estar preocupado com a eventual saída do primeiro-ministro português para presidir ao Conselho Europeu, mas sim com os problemas de quem vive e trabalha em Portugal."

Pensamentos meus:

1- Raimundo acha que os problemas de quem vive e trabalha em Portugal não têm nada a ver com quem governa, ou com quem é  o primeiro ministro. 

Tanto faz.

2 - A lógica é uma batata e o Raimundo pode ser...sei lá, um nabo, talvez.

3 - Pela mesma lógica, ter Raimundo ou não ter Raimundo, tanto faz.

 

25
Jun23

Acho que foi e será assim

Maria J. Lourinho

Era uma vez um perigoso assassino a soldo, que comandava outros assassinos a soldo. Era tão perigoso que até se chamava Prigozhin. Quem pagava o soldo era outro perigoso assassino, chamado Putin que, seguindo a trdição onomástica russa, deve ser filho de uma qualquer Putina.

Eram amigos. Dividiam pilhagens, prazeres gastronómicos e faziam a mesma guerra.

Nesta última, o perigoso Prigozhin começou a sentir-se "apalpado" pelos amigos do filho da Putina, e não gostou.

Avisou, avisou, mas não lhe deram ouvidos. Cansado de dizer "agarrem-me se não eu vou lá" agarrou em si e em muitos outros e pôs-se a andar para a capital. Rápido, rápido, mas não se sabe o que ia fazer, só que estava um bocado chateado.

No caminho, parou um pouco a descansar debaixo de uma árvore, conversou com outros homens e deve ter bebido alguma coisa por causa do calor e da marcha acelerada.

Foi então que um certo criado do filho da Putina, Lukashenko, mandou o bigode à frente, apartou os perigosos assassinos e disse:

Ó perigoso Prigozhin, vamos lá a acabar com as birras. Anda daí comigo para minha terra, vives lá bem e o filho da Putina até manda dizer que esquece tudo porque os verdadeiros amigos devem-se perdoar.

Tá bem, diz o perigoso Prigozhin, eu vou.

E pronto, assim acabou a guerra que não começou, isto é, em paz e harmonia. Acho que foi assim, pelo menos foi o que eu percebi do que me contaram.

Quanto ao que será, quando deito búzios, cartas ou Tarot, vejo sempre, num futuro não muito longínquo, o perigoso Prigozhin a escorregar na banheira e a bater com a cabeça.

Ora, búzios, cartas e Tarot também me estão a parecer perigosos assassinos, ou sou eu que já estou a ver tudo vermelho.

Ainda vou experimentar a deitar runas.

20
Jun23

Opinião dissonante

Maria J. Lourinho

Li algures que há jovens que já não sabem pegar na caneta e escrever à mão, como há muitos outros incapazes de executar as operações aritméticas básicas. Não era dito que esses jovens não tinham sucesso escolar, as afirmações apenas continham uma pouco velada crítica às alterações do "estar" e do "ser" que sentimos já.

Confesso a minha pouca preocupação.

Os jovens não têm essas habilidades, mas têm outras, mais necessárias para o futuro.

Na maioria do nosso tempo de vida, era necessária a escrita à mão e o cálculo. No tempo da minha bisavó era imprescindível a uma mulher saber fazer pão ou costurar umas ceroulas. No tempo de adulta da minha neta, ela não precisará de nada disso, nem sei de que é que ela precisará, porque a vida será radicalmente outra. 

No futuro, acredito, os humanos também serão muito diferentes daquilo que conhecemos. Serão outra coisa, mas ainda humanos, ainda  pensantes, com emoções e razões.

Assumamos que Darwin, na sua teoria da evolução, não disse que nós, no século XX, seríamos o "pináculo" da evolução e que a coisa pararia por aí.

Teremos pena de não conseguir vislumbrar o que os miúdos de agora serão (sabemos que alguns dos trabalhos que terão em adultos ainda nem foram inventados) mas devemos confiar que essa outra "coisa", tão diferente de nós, será melhor.

Eles podem não saber realizar as oprações básicas, mas eu também não sei fazer ceroulas. Nem nunca precisei.

E o futuro já não é aquilo que costumava ser.

 

19
Jun23

Santos e pecadores

Maria J. Lourinho

"Em 31 de maio, António Costa, que viajava num Falcon 50 da Força Aérea, fez uma escala em Budapeste quando seguia a caminho da Moldova para a cimeira da Comunidade Política Europeia, sem que a paragem constasse da sua agenda pública, segundo noticiou o Observador.

De acordo com o mesmo jornal, o chefe do Governo português assistiu ao jogo da final da Liga Europa de futebol entre o Sevilha e a Roma, equipa italiana orientada por José Mourinho, ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. A paragem na Hungria foi criticada pela oposição, que reclama esclarecimentos de António Costa."

Expresso 18/6/2023

De tanto querermos políticos santos, vamos acabar governados por demónios, digo eu.

15
Jun23

Ficamos assim a modos que

Maria J. Lourinho

Marcelo não perde uma. Já está em Londres.

Quer-me parecer que decidiu que, em 10 anos de presidência, iria a tantos países (129), como João Paulo II foi em 26 anos de pontificado.

É que só há uma coisa que Marcelo faz mais do que viajar, é falar.

Tendo o orçamento da presidência, para 2023,  o valor de 16,8 milhões de euros , suponho que o gastará todo.

E sem cativações, ao contrário de todo o restante Estado.

Sabendo que a dotação orçamental para a Casa Real de Espanha, em 2023, é de 8,43 milhões, a bem dizer metade, uma pessoa fica assim a modos que, quer dizer, sei lá, então é isso, pronto.

 

14
Jun23

Belos Cavalos

Maria J. Lourinho

2023-06-14 11.45.57.jpgEstava eu a ler as últimas páginas deste livro quando li a notícia da morte do seu autor, ontem, perto dos 90 anos.

Um homem estranho, um escritor fora dos nossos hábitos. A leitura não é fácil nem prazeirosa, mas quem se atrever não se desilude.

Sobre ele escreve hoje Isabel Luvas no Público:

"Cormac McCarthy (1933-2023): o autor que esculpiu o apocalipse universal a partir do mito americano
O protagonista de Belos Cavalos (Relógio D’Água, 2010) carregava a garra de uma literatura feita de parábolas nascidas nesse lugar de fronteira. Apocalíptica, selvagem, crua, criativamente ditada por um improviso que o próprio autor comparou ao usado pelos músicos de jazz, a literatura tal como Cormac McCarthy a entendia e a escrevia correu de forma obsessiva através de qualquer coisa indomável, de um sentido do caos humano."

12
Jun23

Classificados mas pouco

Maria J. Lourinho

352439368_2405042816336646_6355707010808101750_n.jO país tem andado com a cabeça em água por via dos documentos classificados no computador do tal Frederico.

E é SIS para cá e SIS para lá, pedidos de demissão de tudo quanto mexe, porque são segredos de Estado, segredos secretíssimos, e mais isto e mais aquilo.

Somos uns exagerados, claro.

Ora veja-se como, nos Estados Unidos, Trump resolveu o problema dos segredos de Estado: quando foi obrigado a sair da Casa Branca, pegou em todas as caixas dos segredos (e de todos os segredos, mesmo os nucleare) e levou-as com ele para uma casa de banho lá da sua casa de Mar-a-Lago (com lustre, pingentes e tudo).

Creio que ele pensou: ficam bem aqui, e quando eu voltar em 2024, levo as caixas outra vez.

Simples e pragmático. Aqui é que temos a mania de complicar e burocratizar tudo.

A chamar o SIS, meia dúzia de piquetes da políticia, judiciária e sei lá o que mais. Não havia uma casa de banho lá no ministério para guardar o computador do Frederico? Mesmo sem lustre?!

PS: a foto roubei-a no Instagram a Pete Souza, fotógrafo oficial da Casa Branca no tempo de Obama.

08
Jun23

Feira do Livro

Maria J. Lourinho

Quando eu era muito jovem, não falhava. E lá comprei muitos clássicos ao preço da chuva, geralmente naquelas abas laterais das "barraquinhas". Ainda os tenho.

Nos anos todos em que vivi noutra cidade, sempre lamentava não poder ir à Feira do Livro de Lisboa.

Agora posso mas, chegado o momento, a cabeça diz: ladeira acima, ladeira abaixo, e troca, dê-me só uma licencinha, por favor, para eu ver aquele ali, ai, desculpe, pisei-a, ao sol?, ao vento?, ao calor?, e depois carregar com os livros comprados?, ladeira acima, ladeira abaixo.

Então as pernas, sensatas mas também a acusar algum desgaste, dizem: não será melhor dares antes um passeio até ali à Almedina, ou à Bertrand ou à Buchholz?

Nesta conversa da treta, para justificar a ausência, inventei um argumento novo e muito snob. Assim:

- Ora, eu gosto é do cheiro dos livros, não do cheiro das farturas.

E pronto, não fui, não vou e não irei.

Nota: adoro farturas. 

07
Jun23

Ordens profissionais

Maria J. Lourinho

As Ordens Profissionais têm em Portugal um poder desmedido. Salta de tal modo aos olhos de todos que até a troika, nos anos de chumbo da nossa década anterior, quis acabar com isso, mas nem ela, toda poderosa, o conseguiu. São intocáveis e, muitas vezes, prejudicam gravemente o país.

Se hoje eu, e mais um milhão e meio de portugueses, não temos médico de família, à respectiva Ordem o devemos, dado que, contra tudo o que era observável, isto é,  o envelhecimento da classe e a sua aposentação, nunca permitiu a formação de um maior número de médicos.

Como se isso não bastasse, ainda se dá ao luxo de se opor a que, por exemplo, enfermeiras-parteiras realizem partos normais.

Dizem sempre que não, podem e conseguem, porque nunca tivemos um governo que não baixasse as calças diante das Ordens.

Hoje, porém, li um título no Público que me pareceu já coisa do foro psiquiátrico, e me provocou até uma gargalhada.

Diz a bastonária dos advogados: “Se for preciso, faremos parar a justiça”.

Ora, minha senhora, impactante seria fazê-la andar. Parada está ela há muitos anos.

Benza-a Deus, santinha.

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