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Última Paragem

O blog do bicho do mato

O blog do bicho do mato

Última Paragem

06
Mar23

Eu queria dizer isto, mas ele já disse

Maria J. Lourinho

O ensino público está há meses perturbado pelas greves. O sistema judicial adia milhares de diligências por força da paralisação dos oficiais de justiça. As urgências médicas da Área Metropolitana de Lisboa tiveram de ser reduzidas por falta de meios, e em zonas como as que são servidas pelo Hospital Beatriz Ângelo, médicos, autarcas e utentes falam com saudades da parceria público-privada que o Governo descartou. No serviço de estrangeiros, desiste-se de emitir autorizações de residência por falta de capacidade de resposta. A CP desdobra-se em greves a cada semana e em atrasos impensáveis sempre que opera.

...

Não se vislumbram indícios de que a tempestade seja passageira. Os sindicatos radicalizaram posições. Não há margem para o diálogo nem para a negociação, onde todos cedem. O Governo tenta apaziguar o conflito e fica à espera de que a tempestade passe. Deixa andar. Age como se tudo fosse normal. Não é. A escola pública pode perder o ano. Os tribunais ficam mais caóticos. Os hospitais afundam-se. O apego à democracia dilui-se. O PRR não faz milagres num país fracturado.

O Governo adora o Estado, mas testemunha a sua pior crise. Não se espera que proíba greves. Não se espera também que prolongue esta atitude passiva. Tem uma missão espinhosa: cumprir a lei e defender o interesse colectivo. Há momentos críticos em que é preciso clareza e coragem. Este é um deles. Pior de tudo, é viver esta crise grave como se nada fosse.

Manuel Carvalho, Público, 6 Março 2023

05
Mar23

Zangada estou!

Maria J. Lourinho

Muitas vezes na minha vida vivi indignada, mas hoje não é isso que sinto. Estou zangada, mesmo zangada, com uma fúria primária e animalesca, daquelas que só as mães, racionais ou irracionais, podem sentir.

Também poucas vezes vi tanta unanimidade na sociedade portuguesa, e a enorme discussão que a atravessa é muito saudável.

Parece que estamos todos de acordo : alguns membros da Igreja Católica cometeram crimes horríveis de abuso sexual sobre crianças à sua guarda, os bispos tentaram sempre varrer o assunto para debaixo do tapete e a resposta ao trabalho da comissão independente que investigou os abusos é, no mínimo, decepcionante.

Desqualifica e desrespeita a comissão, as pessoas que a integravam, a sua seriedade e qualidade profissional, bem como os abusados que prestaram depoimento, as suas famílias e a sua dor.

Os bispos desconfiam do que ouviram, querem fazer a sua própria investigação e confirmação, e nem sequer vão afastar preventiva e temporariamente os padres acusados  que ainda estão no activo.

Talvez se preparem também para, arrefecido o assunto, processarem alguns abusados por difamação; quem sabe o que ainda pode sair daquelas metistofélicas cabeças.

Sou ateia convicta, mas acredito que muitos crentes sentem a mesma zanga que eu. E o resultado de sucessivas zangas, cada vez mais evidente, é o surgimento de seitas de toda a espécie, capitaneadas por charlatães, cada um mais perigoso que o outro que, subrepticiamente, estão chegando à política que nos governa e governará a todos.

Percebo os crentes que procuram outras Igrejas. Hoje a Igreja Católica cheira a podre, cheira tão mal que não se aguenta.

E, em Portugal 2023, passou a ser mais um problema, uma fonte de descrença e insegurança, tudo o contrário daquilo que devia ser.

03
Mar23

Leitores

Maria J. Lourinho

"Sheddan dissera uma vez que ter lido uma dúzias de livros em comum era um laço mais forte do que o sangue".

em "O Passageiro ", Cormac McCarthy.

Sobre o livro, como não sou capaz de dizer nada, "roubo" o Pedro Mexia no Expresso:

"Um objecto estranho tão magistral como confuso"

PS: A foto, cujo autor deconheço, é só porque sim.

Fb sometimes life is black and white.jpg

02
Mar23

Posse de Bola

Maria J. Lourinho

Para uma boa parte dos jornalistas das nossas televisões, fazer uma entrevista já não é aquilo que costumava ser; passou a ser uma disputa.

Fazem perguntas que não são perguntas, são dissertações, interrompem constantemente, falam por cima do entrevistado.

Ontem, ao fazer zapping, caí dentro duma espécie de alçapão, chamado grande entrevista de Vitor Gonçalves. A “vítima” era Helena Roseta, mulher interessante, interessada e sabedora dos assuntos da habitação. Fiquei muito interessada em ouvi-la, mas isso revelou-se impossível, antes gerou em mim uma irritação que me levou a sair dali frustrada e indignada.

Além do mais, vi um espectáculo de indelicadeza da RTP para com a pessoa que convidou.

É como se eu fosse convidada para jantar e o anfitrião não me deixasse comer, só me deixasse petiscar, e poucochinho.

Gostaria muito que os responsáveis destas coisas, ainda mais no canal público, aquele que tudo sabe sobre as estatísticas do futebol, tivesse também um cronómetro para medir “a posse de bola” do Vitor Gonçalves que deve bater por muito a do entrevistado.

Ao menos no futebol, a posse de bola serve para tentar jogar e ganhar. Nestas entrevistas não serve para nada, a não ser para o jornalista se exibir, e creio que uma tal estratégia entrevistadora não se aprende nem nas mais modernas e liberais escolas de jornalismo.

Ver televisão tornou-se um inferno. Felizmente, cada vez o frequento menos.

PS. Vitor Gonçalves é apenas um mau exemplo, como ele há muitos outros.

 

01
Mar23

Sócrates, o nosso

Maria J. Lourinho

Eu e o João Miguel Tavares, sem nos conhecermos, embora nos cruzemos com alguma frequência na rua, temos por hábito discordar.

Mas, lá de lés-a-lés, concordamos. Melhor, eu concordo com ele.

Ontem, no seu artigo de opinião no Público, com o título Sócrates: arranjar novos crimes, que os velhos vão prescrever, explica como se tem arrastado na justiça este caso. E escreve também:

"José Sócrates foi detido em Novembro de 2014 – há oito anos e três meses. Foi acusado em Outubro de 2017 – há cinco anos e quatro meses. Foi pronunciado em Abril de 2021 – há um ano e dez meses. E passado todo este tempo, (...) o processo está bloqueado numa rede de recursos. As primeiras prescrições começam em 2024. Quando irá Sócrates a julgamento? Uma resposta cada vez mais provável é: nunca.”

O que o JMT não escreveu, mas creio que ambos acreditamos, é que Sócrates, no fim disto tudo, ainda vai processar o Estado e nós teremos de lhe pagar uma choruda indemnização. Estou fartinha de o dizer.

Oxalá que Deus NÃO me oiça!

 

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