Filtros em falta
Entre os muitos humanos e humanóides que usam o Facebook, conheci de tudo um pouco. No meio desse tudo, como muitos, também me cruzei com Ana Cristina Leonardo, ex-jornalista, creio, que frequenta a arena que o Facebook pode ser, lançando por ali jactância, assertividade e acrimónia como quem “lança perfumes”. É uma arte.
“Faz a cama” às pessoas de que não gosta, sempre convencida de que não há ninguém tão inteligente, tão culta, tão viajada, com uma vida tão rica, como ela; mas, atenção!, nada disto vem em versão revista Caras, antes em versão Jornal de Letras.
Como seria de esperar, tem um séquito que a segue, bebendo o fel que ela tem a coragem de expelir e o séquito não; a insignificância ressentida e invejosa, rejubila sempre com o fel. Por seu lado, para a performer, o aplauso é um alimento necessário, embora venha com hálito de doença.
A Leonardo conseguiu ser contratada pelo jornal Público, onde elabora crónicas, sob o genérico “chapéu” Meditação na Pastelaria, que não classifico como boas ou más, mas que me chateiam sobremaneira dado o elevado número de citações livrescas, e que há muito deixei de ler. Através dos que gostam de me contar o que se passa no Facebook, vim a saber que ela tinha feito lá um post em que, basicamente dizia que Carmo Afonso e Maria João Marques, escrevendo o contrário uma da outra, “ambas debitam disparates”.
Ora, acontece que, independentemente do seu mérito ou demérito, na escrita e na opinião, Carmo Afonso e Maria João Marques, são ambas, como ela, cronistas do Público.
Logo, pergunto-me: de que estará o director do jornal - Manuel Carvalho, à espera, para lhe explicar que se pode dar bicadas nos colegas, que isso até é um desporto nacional muito apreciado, mas sempre em privado, caramba. E que se ela ainda não percebeu isso, com a idade que tem, melhor será que liberte espaço e passe a meditar exclusivamente na sua pastelaria.
O isolamento, lá para trás do sol posto para onde foi, parece que não lhe está a fazer bem. O filtro já era pouco...
Nota: Meditação na Pastelaria é o título de um poema de Alexandre O'Neill que integra o livro No Reino da Dinamarca