Abençoada zaragata
Já aqui falei do podcast da Antena 1, Biblioteca Pública, que existiu durante todo o ano de 2022. Continuo a ouvir, durante as minhas caminhadas, Dulce Maria Cardoso, Afonso Reis Cabral e Richard Zimmler, a falar sobre cada livro escolhido semanalmente.
Há dias, escolhi para ouvir o episódio sobre uma novela de Tolstói - A Sonata de Kreutzer, que nunca tinha lido. Sabia apenas que era, a par de A Morte de Ivan Ilich, uma das suas novelas mais conhecidas, e que era bastante controversa.
No podcast, gerou-se, entre os três participantes, uma civilizadíssima zaragata, deixando-me ficar claro como a obra era, de facto, controversa, e possível de variadas leituras.
Decidi, então, que era tempo de ler a Sonata de Kreutzer. Descarreguei-a em pdf para o meu computador por zero euros, li-a, e fiz a minha própria interpretação, que também não coincide exactamente com nenhuma das outras três.
Por fim, resolvi ouvir a sonata de Beethoven. Fui ao Youtube, escolhi uma versão mais ou menos ao acaso e ouvi.
Admirável mundo novo: cheio de perigos, ameaças e desencantos mas que, ao mesmo tempo, me permite ouvir gente inteligente a analisar uma obra literária, lê-la, e ainda ouvir a música que lhe dá o nome.
Tudo sem precisar de sair de casa nem de abrir a carteira.