Nas curvas da vida
Galopim de Carvalho recebeu hoje, de Marcelo Rebelo de Sousa, as insígnias de grande-oficial da Ordem da Instrução Pública.
É uma honra merecida e que ele deve ter apreciado bastante. Não sei porquê, ou melhor, sei, até me lembrei do Manuel Alegre que quando foi informado de que tinha ganho um prémio qualquer disse, e lamentavelmente não recordo os termos exactos, que já vinha tarde, porque esse prémio já lhe devia ter sido atribuído há muito tempo.
Do que conheço do António Marcos Galopim de Carvalho, ou Marcos, ou Marquitos, como era tratado pelos amigos, imagino que deve ter tido algum pensamento semelhante.
Conheci-o há muitos anos em casa de amigos que ambos frequentávamos muito – ele frequentava os mais velhos e eu os mais novos da casa. Nunca me ligou peva. Era, à época, um professor da faculdade de ciências como tantos outros, até que se lembrou dos dinossauros. Conheceu o estrelato, também merecido, mas eu já muito antes o tinha perdido nas curvas da vida.
Voltei a “encontrá-lo” no Facebook onde escrevia posts sobre o que sabia muito e o que sabia pouco.
Um dia, cometeu um erro (nada de grave) de português e o linguista Fernando Venâncio, corrigiu-o. Vou eu, toda lampeira, e dou razão ao F. Venâncio. Vem de lá o Marcos, perdão, o professor Galopim de Carvalho, e imediatamente nos bloqueia aos dois. O Prof Fernando Venâncio ficou um pouco espantado, se não mesmo melindrado, mas eu não.
Aos velhos dá-lhes muitas vezes para a (des)humildade.
E assim perdi outra vez o Marcos nas curvas da vida, desta vez creio que para sempre – é que ele é muito velho e eu também não vou pra nova.
Não verei as insígnias, de certeza, mas lá que elas são merecidas, são.
E se ele ficou contente como imagino, eu fico também.