Ler para contá-los
Encontrei esta imagem no Instagram e sorri. É irónica e muito bem esgalhada para quem frequenta a rede - os bookstagramers estão na moda como influencers versados em livros. Reparei, então, que tinha mais de 80 comentários, fiquei curiosa e fui espreitá-los. Qual não é o meu espanto, quando a grande marioria dos comentadores tinha levado o post a sério, e escrevia coisas do género:
- 700, quem me dera. Chego aos 100 e já é bom.
- é difícil. Vou agora no meu sexto livro de janeiro (dia 20)
- no ano passado li 82, foi um excelente ano.
Pergunto-me: estas mulheres (só mulheres) leem livros ou bulas de medicamentos?
Leem para aprender, pensar, sentirem-se gratificadas, viver outras vidas, viajar, encantarem-se com as palavras e o seu uso por cada autor etc., ou para contar livros?
Sabemos que a ironia custa muito a passar nas redes socias mas, mesmo assim, bastava ver que 700 livros por ano dá mais ou menos 13 por semana; e há quem responda a sério.
Um post que começou por me fazer sorrir, acabou a deixar-me triste.
Afinal, o que importa é contá-los.