Maria J. Lourinho
Estava sol. Saí de casa, fiz a minha caminhada, e no fim dirigi-me à farmácia. Ontem, tinha lá estado a aviar uma receita mas, coisa muito frequente hoje em dia, faltava um medicamento.
Como de costume, leva amanhã, pode ser? pode, mas pago já tudo. Calhou-me ontem o velho farmacêutico, que tem no computador um inimigo figadal, e que pediu para só pagar no acto da entrega. Disse que sim, mas hoje, no acto da entrega, eu precisava de apresentar de novo a receita. Era preciso voltar a casa.
Fiquei irritada.
Segui para os correios onde comprei um pequeno envelope almofadado pelo qual paguei 3,10€. Achei caríssimo mas a senhora, ainda assim, resolveu avançou com a tentativa de me vender lotaria. Era persistente. Melhor seria ter tentado uma carreira de vendedora do que de funcionária dos CTT . Não gosto que me impinjam coisas.
Fiquei indignada.
Fui, então, fazer umas chaves.
Dessas eu não faço, só o meu marido, e ele só vem daqui por meia hora e às 11 horas temos de fechar para ir a um funeral.
Esperei, mas fiquei agastada.
Para matar o tempo, entrei na livraria do centro comercial da porta ao lado. Encontrei-me então a navegar no meio de dezenas de títulos em que surgem palavras como alimentação, meditação, sucesso, bem-estar, reiki, cura, dieta, anjos, numeralogia, Karma, auto-hipnose, leitura das mãos, pêndulo, Tarot, iluminação, sonhos, florais de Bach, milagres, revelação.
Fiquei nauseada.
Feitas as chaves, e pagos 10 euros por cada uma, e olhe que é barato, se for ali à frente paga 18, com certeza, muito obrigada, chego a casa e uma não abre.
Fiquei piursa.
Sempre tenho muito mau feitio, caramba.