Viagens que a viagem contém
“...Tinha descoberto capacidades e forças que nunca teria imaginado possíveis naqueles tempos, quiméricos e distantes, anteriores à viagem.
Tinha redescoberto pessoas no meu passado e chegado a uma conclusão quanto aos meus sentimentos para com elas. Tinha aprendido o que era o amor. Que o amor significava desejar tudo de bom para aqueles de quem gostávamos, mesmo que isso nos excluísse a nós próprios.
Tinha aprendido que, anteriormente, desejava ser dona das pessoas sem as amar, e que agora podia amá-las e desejar-lhes o melhor possível, sem precisar delas.
Tinha entendido o que era a liberdade e a segurança e que havia necessidade de abanar os alicerces do hábito. Que para sermos livres precisamos duma vigilância constante e inflexível sobre as nossas fraquezas.
...
ficar indiferente às seduções da segurança é uma luta impossível, mas uma das poucas que valem a pena. Ser livre é aprender, pormo-nos constantemente à prova, apostar. Não é seguro.”
Trilhos
No deserto australiano com quatro camelos e um cão
Robyn Davidson
Quetzal Editores (1999)